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sexta-feira, 6 de julho de 2012

As mocinhas francesas...


Leio a entrevista concedida por Chelsea Kaplan, na qual esta aconselha a suas semelhantes do sexo feminino, a amarem como o fazem as mulheres francesas. Nada sei sob Kaplan, além de que é a editora de uma revista on-line, direcionada a família; pais, avós, filhos, cães, gatos, etc. Não é novidade para ninguém, o fato de que as mocinhas francesas tem uma maneira peculiar de tratar assuntos sentimentais, fato comprovado desde séculos nos vários cais de portos, inclusive brasileiros. Novidade - ou, no mínimo, raro - é uma americana concedendo as francesas, a distinção de serem estas melhores amantes do que as americanas. Americano não cede nada a francês e, vice-versa. Há uma particular realidade de amor e ódio a unir ou separar esses dois povos, a depender das urgências históricas. Essa ambiguidade não tem nada a ver com lençóis mas, sim, com a dureza dos campos de batalha. Lafayette deixou a boa vida junto as cortesãs francesas, para vir lutar contra os inglêses na guerra de independência americana. A França doou a Estátua da Liberdade que, na Ilha de Ellis, continua a saudar que vem ver ou viver na América. Muito sangue americano foi derramado em solos franceses, na luta para libertar Paris do jugo alemão. Entretanto, Paris nunca perdoou Washington por não permitir que De Gaulle fizesse parte da famosa foto de Ialta. Na verdade, Rooselvelt queria De Gaulle preso, no Marrocos ou, mais longe ainda; quem sabe, conforme carta que escreveu a Churchill. Permanece a unir as duas grandes nações, a decidida opção pela liberdade. É nesse cenário que Kaplan adiciona sua contribuição para que haja harmonia entre França e EUA. Ao longo da entrevista, Kaplan expõem a maneira como as americanas tratam do "negócio" amoroso. Investimento, timing, chances de sucesso e, retorno; um goal a ser atingido... Nada de intuição feminina. Kaplan ilustra a objetividade da mulher americana para avaliar o grau de sentimento que o "alvo" a ela dedica, utilizando o ato de despetalar uma flor. Nesse despetalar, não há "talvez"; é bem-me-quer ou, mal-me-quer. Já a mulher francesa, esta admite a existência de um leque de possibilidades; não é assim, branco ou preto. Trata-se de um quadro pintado aos poucos, em cores variadas e de matizes imprevisíveis. Outro ponto interessante, segundo Kaplan, é a rejeição a conselheiros sentimentais, por parte das francesas. Enquanto as americanas dão grande atenção a estes, a manuais de comportamento para o antes, o durante e o depois, as francesas dispensam completamente qualquer aconselhamento. Não há certo ou errado. A experiência em si, é o que tem valor. A amante francesa se permite ser ela própria, enquanto que a americana - coerente com a cultura de que tudo pode ser sempre melhorado - está sempre estressada, procurando uma evolução em seu comportamento sexual ou, a identificação de um mal a ser corrigido. Para americanos, a vida não existe se não puder ser registrada em estatísticas e, os números são, melancolicamente negativos, para ambas as amantes. Francesas e americanas competem acirradamente em número de traições. Enquanto as primeiras encaram o fim de um "amor" de maneira fatalista, a americana é hipócrita e, acredita até o último minuto que antecede a assinatura do divórcio que, um casamento é para sempre. O índice de divórcios americano é muito maior do que o francês. A francesa prefere ir levando, certa de que não há casamento perfeito e que, atrás de um morro há sempre outro morro. Por isso mesmo, mais da metade das mulheres francesas preferem cohabitar. Dai, o reduzido número de divórcios; no que podemos chamar de saída a francesa... De tudo isso, interessava-me, de verdade, saber como as francesas conseguem comer tanto pão e queijo, beber tanto vinho e, ainda assim manter-se alinhadas... O artigo não informa...