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quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Um novo ano...

Então, um ano mais se foi... Alguém, querido ou odiado, morreu. Alguém, ficou doente ou curou-se de grave enfermidade. Alguém, achou ou perdeu um grande amor. Alguém, ficou rico ou pobre, de dinheiro ou de espírito. E, assim, a depender de a quem se pergunte, o ano foi muito bom ou, muito ruim...

Houve a senhora moça que, muito orgulhosa, veio mostrar-me o anel de casamento. Já era velha há muito tempo e, a natureza não lhe foi amiga na premiação dos dotes físicos. A alegria que transpareci, foi a mais sincera que pude destilar. Ela, agora com os sentidos altamente aguçados, notou a emoção e, deve ter lido as origens desta. Não era mais tempo de se questionar origens de coisa alguma... O ano de 2014 foi muito bom e, isso basta a minha amiga.

Aconteceu, também, de um velho amigo perder a companheira de muitos anos... dezenas deles. Não tenho maiores detalhes do infortúnio que acometeu o casal, além daqueles publicados no Facebook. Se aqui uso de questionável liberalidade ao comentar a tragédia, é porque o amigo ja o publicou naquela que é hoje a mais poderosa ferramenta de divulgação de seja la o que quer que se queira divulgar. E, foi essa a sua patife vingança. Delatou publicamente o que ele classifica de traição do ex-adorado-amor, agora rebaixado a categoria de odiado amor. Enfim, 2014 não foi um bom ano para essas pessoas e, la um homem ficou sem sua mulher e, esta exposta ao malefício da dúvida, até traição em contrario.

Pessoas queridas venceram, depois de obstinada e infatigável batalha, doenças graves e mortais. Andrajosas, cuidam das feridas remanescentes do feroz combate. Cada diagnóstico que comprove a vitória sobre a doença, causa emoção semelhante a comutação de pena de morte para vida perpétua. O surgimento de uma, antes corriqueira, mecha de ondulado cabelo, é agora comemorado como um milagre divino. O retorno a antiga aparência física, graças as madeixas que renascem, é algo de emoção comparável ao surgimento dos seios na adolescência. As cicatrizes oriundas de cirurgias inadiáveis, são agora tratadas com desvelo, em justa vaidade e demonstração de amor a vida. O lento desaparecer de cada uma das marcas ganhas na peleja, causa a mesma emoção de um nascer de sol por detrás de bela montanha. A Natureza está lá fora a garantir que a Primavera sempre vem. O ano de 2014 foi bom; a morte, agora distante, não é tão feia quanto diziam...

Assim é que, 2014 não foi significantemente diferente dos outros milhares de anos que o antecederam. Não durou nada além de 365 dias, 6 horas e reles minutos, assim como seus falecidos irmãos. Tempo suficiente para que um caudal de emoções fosse vivido por, quem sabe quantos milhões, bilhões de pessoas. A umas, a redescoberta da empoeirada capacidade de se apaixonar. A outros, a melancolia de um amor que termina na cal da traição. A tantos outros, depois de vencida mortal enfermidade, nova oportunidade para reavaliar hábitos e conceitos de vida. Como sempre, na elegia ao desaparecimento de um ano que se vai e, na comemoração do ano que se inicia, juras de fé na vida e, a esperança de que se encontre arranjo para os desacertos, alivio para as dores, alegria para as tristezas crônicas; que o amor vença o ódio; que o egoismo de lugar a generosidade; que a compaixão substitua a indiferença e que, a amizade seja o verdadeiro laço familiar entre as pessoas. Não importa a religião e deuses. Importa sim, que tenhamos fé para seguir adiante e que, a morte seja somente um intervalo para descanso da alma, depois de tantas paixões, acertos, enganos e desatinos.

Feliz 2015!

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Senhoras do Calendário... e do Tempo!


Segundas-feiras tem a fama de serem o pior dia do calendário, ainda que não haja fundamento lógico para esse mau humor, injustamente dedicado ao primeiro dia útil  da semana. Eis aqui, mais uma prova: Hoje, segunda-feira, deparo-me com a notícia de que, já na nona edição, Senhoras do Calendário 2015, traz fotos de belas mulheres nuas. A caçula das meninas, carrega sem demonstrar cansaço, nada menos do que o peso de 55 anos de idade. É importante ressaltar que, Eduardo Araúju, assim com "u" mesmo, inspirador do projeto Senhoras do Calendário, exige das "vovós" meros 40 anos como idade mínima para que possam posar nuas diante de suas câmeras. Teriam as jovens senhoras de 40, recém-"aposentadas" do time jovem, se escondido do cruel olho da máquina fotográfica que a tudo vê? Ou, teriam lá corajosamente comparecido e, aconteceu de serem miseravelmente surradas pelas venerandas senhoras de 55 ou mais? Nunca saberemos a resposta para esse mistério escondido no cipoal das vaidades cariocas... Mais importante em tudo isso, é observar que, há, e sempre houve, muita beleza escondida por debaixo de sisudas e antigas indumentárias, verdadeiras mortalhas, impostas as mulheres, depois que estas atingem determinada idade.  É difícil dizer e, não se deve dizer, qual é a idade em que alguém deve vestir este ou aquele traje... Participo da opinião de que o mundo vê a pessoa, como esta vê a si própria. A verdadeira questão é identificar a linha que separa o ridículo da elegância, tênue para quem se expõem e que, exige fino paladar de quem aprecia e julga. Daí, seu valor quase artístico.

Não é mais nenhuma novidade o fato de homens mais jovens, se apaixonarem por mulheres com muito mais idade do que estes e, permanecerem no relacionamento por anos a fio, como prova de que a escolha foi acertada. E, se não digo permanecer para sempre, é porque a cada dia mais, os relacionamentos são assumidos com a idéia de que sejam eternos enquanto durem. Mulheres relacionando-se com homens mais velhos, sempre foi fato aceito com um pouco mais de condescendência pelas sociedades de todo mundo. Se a fagulha que dá inicio aos grandes amores, é a beleza, as fotos de Araúju recomendam que se olhe com olhos de ver as beldades donas de belezas que sobrevivem com grande louvor e, nenhum favor de quem as elogia, aos insultos do Tempo.
No início, fiz apologia as mal afamadas segundas-feiras porque, logo após a animadora visão das fotos das dignas e bisextas modêlos, inadvertidamente naveguei para a informação de que "A bela escritora Lou Andreas-Salomé é lembrada por sua ligação sucessiva com três gênios: o filósofo alemão Friedrich Nietzsche, o poeta Rainer Maria Rilke e o fundador da psicanálise Sigmund Freud". Logo adiante, o artigo reforça meu entusiasmo pela vitória das meninas cariocas, informando que, apesar de toda genialidade de Freud, demonstrada ao vasculhar e levar luz as profundezas de escuras almas, e da clarividência de Nietzsche ao definir com cruel sinceridade nossa irremediável submissão a eternidade do vir-a-ser, Lou Andreas entregou sua decantada beleza ao poeta Rilke, 17 anos mais moço do que esta. Este, sábiamente, aceitou o afeto e os carinhos de Lou por longos anos, então... Devo dizer, sem que isto constitua desabono a importância da beleza física mas, por honestidade para com os fatos: Lou Andreas, além de bela, era culta e inteligente. Afirma-se, e nisto também acredito, que a inteligência é afrodisíaca. Tenho certeza de que Rilke, além de poeta, foi, também, feliz!
Assim é que, informo aos incautos; as segundas-feiras são tão boas, quanto o são as sextas, as quintas e, os quintos dos infernos, sempre a depender com que olhos se os veem! Nao importa a idade; importa, sim, a beleza encontrada pelo olhar que filtra as feiuras e agruras do cotidiano duro. Cotidiano este que, nos é imposto e ao qual, muitas vezes, convenientemente, nos submetemos... Abra os olhos!