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terça-feira, 17 de agosto de 2010

Nuvens inúteis...

Algum desocupado, deu-se ao trabalho de aglomerar as palavras mais utilizadas pelos candidatos no ultimo debate pela campanha presidencial. Deu cores diferentes as palavras e, embolou-as em uma disforme massa; uma nuvem multicolorida de palavras, o que atualmente chamam "tag". Fez isto com as declarações de Plinio, Marina, Dilma, e Serra. Antigo professor, honra-me ao perguntar se entendi a finalidade da "arte", ao que, abaixo, tento responder:
Professor, agradeço e, ao mesmo tempo, peço desculpas por nao poder retribuir a confiança fiada, quanto a minha capacidade para esclarecer as nuvens de palavras que apareceram em alguma página do velho Estadão. Interpretar fumaça e assemelhados é arte complicada; não é de hoje... Não há criança que não tenha, um dia, deitado no chão, olhado para o céu e enxergado fantásticos seres em estratos, cumulus nimbus e, mesmo, em feios nevoeiros... Ainda hoje, quando viajo com minha velha mãe, admiro o fato de ela ter conservado a arte de interpretar nuvens, apesar da rudeza da vida... Bichos, coisas as mais diversas, personagens...mares a flutuar no espaço... Percebi o quanto de minha sensibilidade foi soterrada pelo cotidiano de uma "vida moderna" onde, olhar para o chão e para frente, é requisito básico para não tropeçar, cair e ser atropelado pela turba que avança...
Velho mestre, esforcei-me para resolver este problema que você, agora, bissextamente, trouxe-me. Confie que sim. Fui ao link indicado em seu e-mail(http://blogs.estadao.com.br/vox-publica/). Parece que este acessa a ultima publicação do blog e, não o artigo aqui em pauta. Voltei a olhar a nuvem de palavras, sem sucesso. Mesmo, pensei em mostrá-la para minha mãe mas, achei que poderia ser falta de respeito. Agora, é moda falar palavrão e, não pude ler a "arte" palavra por palavra, de modo a ter a certeza de que trata-se de texto, digamos, "família"... Por fim - eureka! - lembrei-me de que moro a pouca distância de uma reserva indígena Navajo. Esse pessoal é conhecido, entre outras habilidades, por saber ler com precisão o significado de nebulosidades. Comunicavam-se assim, através de sinais de fumaça, até a chegada de Búfalo Bill e da Southern Bell. Meu único receio é que, o significado das tais condensações de palavras do debate, seja algo obsceno. Esses índios são pessoas sensíveis e, ofendem-se de maneira irremediável, com facilidade. Políticos, de todos os quadrantes, não são, exatamente, pessoas de bom trato. O General Custer de há muito finou-se e, a Cavalaria está bastante ocupada com o Afeganistão, de formas que, não posso contar com socorro em caso de maus modos por parte do Plinio, da Marina e, do Serra. A Dilma é ininteligível e, nem mesmo os xamãs navajos ou apaches irão desvendá-la...
Por fim, caro professor, arrisco dizer que, a freqüência das palavras utilizadas por uma pessoa; o vocabulário desta, em algum grau, revela o conteúdo mental da mesma. Afinal, não é possível que tantos vocábulos sirvam somente para formar nuvens... nuvens inúteis... não, mesmo, principalmente tratando-se de político brasileiro.