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quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Um novo ano...

Então, um ano mais se foi... Alguém, querido ou odiado, morreu. Alguém, ficou doente ou curou-se de grave enfermidade. Alguém, achou ou perdeu um grande amor. Alguém, ficou rico ou pobre, de dinheiro ou de espírito. E, assim, a depender de a quem se pergunte, o ano foi muito bom ou, muito ruim...

Houve a senhora moça que, muito orgulhosa, veio mostrar-me o anel de casamento. Já era velha há muito tempo e, a natureza não lhe foi amiga na premiação dos dotes físicos. A alegria que transpareci, foi a mais sincera que pude destilar. Ela, agora com os sentidos altamente aguçados, notou a emoção e, deve ter lido as origens desta. Não era mais tempo de se questionar origens de coisa alguma... O ano de 2014 foi muito bom e, isso basta a minha amiga.

Aconteceu, também, de um velho amigo perder a companheira de muitos anos... dezenas deles. Não tenho maiores detalhes do infortúnio que acometeu o casal, além daqueles publicados no Facebook. Se aqui uso de questionável liberalidade ao comentar a tragédia, é porque o amigo ja o publicou naquela que é hoje a mais poderosa ferramenta de divulgação de seja la o que quer que se queira divulgar. E, foi essa a sua patife vingança. Delatou publicamente o que ele classifica de traição do ex-adorado-amor, agora rebaixado a categoria de odiado amor. Enfim, 2014 não foi um bom ano para essas pessoas e, la um homem ficou sem sua mulher e, esta exposta ao malefício da dúvida, até traição em contrario.

Pessoas queridas venceram, depois de obstinada e infatigável batalha, doenças graves e mortais. Andrajosas, cuidam das feridas remanescentes do feroz combate. Cada diagnóstico que comprove a vitória sobre a doença, causa emoção semelhante a comutação de pena de morte para vida perpétua. O surgimento de uma, antes corriqueira, mecha de ondulado cabelo, é agora comemorado como um milagre divino. O retorno a antiga aparência física, graças as madeixas que renascem, é algo de emoção comparável ao surgimento dos seios na adolescência. As cicatrizes oriundas de cirurgias inadiáveis, são agora tratadas com desvelo, em justa vaidade e demonstração de amor a vida. O lento desaparecer de cada uma das marcas ganhas na peleja, causa a mesma emoção de um nascer de sol por detrás de bela montanha. A Natureza está lá fora a garantir que a Primavera sempre vem. O ano de 2014 foi bom; a morte, agora distante, não é tão feia quanto diziam...

Assim é que, 2014 não foi significantemente diferente dos outros milhares de anos que o antecederam. Não durou nada além de 365 dias, 6 horas e reles minutos, assim como seus falecidos irmãos. Tempo suficiente para que um caudal de emoções fosse vivido por, quem sabe quantos milhões, bilhões de pessoas. A umas, a redescoberta da empoeirada capacidade de se apaixonar. A outros, a melancolia de um amor que termina na cal da traição. A tantos outros, depois de vencida mortal enfermidade, nova oportunidade para reavaliar hábitos e conceitos de vida. Como sempre, na elegia ao desaparecimento de um ano que se vai e, na comemoração do ano que se inicia, juras de fé na vida e, a esperança de que se encontre arranjo para os desacertos, alivio para as dores, alegria para as tristezas crônicas; que o amor vença o ódio; que o egoismo de lugar a generosidade; que a compaixão substitua a indiferença e que, a amizade seja o verdadeiro laço familiar entre as pessoas. Não importa a religião e deuses. Importa sim, que tenhamos fé para seguir adiante e que, a morte seja somente um intervalo para descanso da alma, depois de tantas paixões, acertos, enganos e desatinos.

Feliz 2015!

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Senhoras do Calendário... e do Tempo!


Segundas-feiras tem a fama de serem o pior dia do calendário, ainda que não haja fundamento lógico para esse mau humor, injustamente dedicado ao primeiro dia útil  da semana. Eis aqui, mais uma prova: Hoje, segunda-feira, deparo-me com a notícia de que, já na nona edição, Senhoras do Calendário 2015, traz fotos de belas mulheres nuas. A caçula das meninas, carrega sem demonstrar cansaço, nada menos do que o peso de 55 anos de idade. É importante ressaltar que, Eduardo Araúju, assim com "u" mesmo, inspirador do projeto Senhoras do Calendário, exige das "vovós" meros 40 anos como idade mínima para que possam posar nuas diante de suas câmeras. Teriam as jovens senhoras de 40, recém-"aposentadas" do time jovem, se escondido do cruel olho da máquina fotográfica que a tudo vê? Ou, teriam lá corajosamente comparecido e, aconteceu de serem miseravelmente surradas pelas venerandas senhoras de 55 ou mais? Nunca saberemos a resposta para esse mistério escondido no cipoal das vaidades cariocas... Mais importante em tudo isso, é observar que, há, e sempre houve, muita beleza escondida por debaixo de sisudas e antigas indumentárias, verdadeiras mortalhas, impostas as mulheres, depois que estas atingem determinada idade.  É difícil dizer e, não se deve dizer, qual é a idade em que alguém deve vestir este ou aquele traje... Participo da opinião de que o mundo vê a pessoa, como esta vê a si própria. A verdadeira questão é identificar a linha que separa o ridículo da elegância, tênue para quem se expõem e que, exige fino paladar de quem aprecia e julga. Daí, seu valor quase artístico.

Não é mais nenhuma novidade o fato de homens mais jovens, se apaixonarem por mulheres com muito mais idade do que estes e, permanecerem no relacionamento por anos a fio, como prova de que a escolha foi acertada. E, se não digo permanecer para sempre, é porque a cada dia mais, os relacionamentos são assumidos com a idéia de que sejam eternos enquanto durem. Mulheres relacionando-se com homens mais velhos, sempre foi fato aceito com um pouco mais de condescendência pelas sociedades de todo mundo. Se a fagulha que dá inicio aos grandes amores, é a beleza, as fotos de Araúju recomendam que se olhe com olhos de ver as beldades donas de belezas que sobrevivem com grande louvor e, nenhum favor de quem as elogia, aos insultos do Tempo.
No início, fiz apologia as mal afamadas segundas-feiras porque, logo após a animadora visão das fotos das dignas e bisextas modêlos, inadvertidamente naveguei para a informação de que "A bela escritora Lou Andreas-Salomé é lembrada por sua ligação sucessiva com três gênios: o filósofo alemão Friedrich Nietzsche, o poeta Rainer Maria Rilke e o fundador da psicanálise Sigmund Freud". Logo adiante, o artigo reforça meu entusiasmo pela vitória das meninas cariocas, informando que, apesar de toda genialidade de Freud, demonstrada ao vasculhar e levar luz as profundezas de escuras almas, e da clarividência de Nietzsche ao definir com cruel sinceridade nossa irremediável submissão a eternidade do vir-a-ser, Lou Andreas entregou sua decantada beleza ao poeta Rilke, 17 anos mais moço do que esta. Este, sábiamente, aceitou o afeto e os carinhos de Lou por longos anos, então... Devo dizer, sem que isto constitua desabono a importância da beleza física mas, por honestidade para com os fatos: Lou Andreas, além de bela, era culta e inteligente. Afirma-se, e nisto também acredito, que a inteligência é afrodisíaca. Tenho certeza de que Rilke, além de poeta, foi, também, feliz!
Assim é que, informo aos incautos; as segundas-feiras são tão boas, quanto o são as sextas, as quintas e, os quintos dos infernos, sempre a depender com que olhos se os veem! Nao importa a idade; importa, sim, a beleza encontrada pelo olhar que filtra as feiuras e agruras do cotidiano duro. Cotidiano este que, nos é imposto e ao qual, muitas vezes, convenientemente, nos submetemos... Abra os olhos!

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

MEU VOTO NO PT!

Votei no PT e seus candidatos, na década de 80 e 90. Lula e sua obstinação representavam o "contra tudo que estava la". Entre o olhar alucinado de Collor, aceso por cívico ou andino alucinógeno - nunca saberemos - e, a voz roufenha do, então, jovem sindicalista, gasta e áspera por tantos palanques e sofridos megafones, fiquei com esta ultima. Assim, sinto-me no dever de deixar aqui agradecimento aos companheiros de tantas ilusões, ganhas e perdidas:

  • A luta valeu! Ha emprego para todos, com salários excelentes que permitem ao trabalhador comprar tudo que produz.
  • A coerência foi mantida. O patrão aprendeu a dividir a riqueza com quem a produz. A desigualdade acabou. Prova disso:
  • As favelas encolheram ou, mesmo desapareceram.
  • A criminalidade esta dentro de níveis razoáveis, consequência do pleno emprego e dos bons salários. 
  • O comercio de drogas só eh visível nas estatísticas de consumo. O emprego de jovens nessa atividade, foi reduzido ou, praticamente, desapareceu.
  • A segurança nas grandes cidades, eh uma realidade. Pode-se caminhar com segurança a qualquer hora do dia e da noite. De fato, humanizaram-se estas, atraindo grande numero de estrangeiros que desejam visitar o pais.
  • As escolas de nível básico brasileiras, são mostra evidente das grandes conquistas sociais do PT. Professores de bom nível e, decentemente pagos. As crianças tem a disposição alimentação de boa qualidade e, instalações esportivas modernas. O grande feito petista, deve-se reconhecer, foi a formação de novas gerações com perspectivas reais de um futuro brilhante. Ai esta, onde o pais mudou para muito melhor, tudo isso com baixo investimento, quando comparado com os extraordinários resultados obtidos. Uma promessa cumprida ao pe-da-letra! Brizola sempre almejou isto. Coube ao PT mostrar como realizar este sonho da nação!
  • Integridade e honestidade na condução da coisa publica. Outra marca do PT. Isto nunca foi possível desde as oligarquias cafeeiras/leiteiras. A improbidade eh palavra esquecida na pratica politica brasileira. Vence o PT junto a população, demonstrando como eh a sadia pratica da Politica. O ingresso do PT nos poderes da Republica, foi a linha divisória que separou a negociata; as manobras escusas, da clareza, da honestidade e honra, característica numero um do partido, desde sempre. 
  • Poderia citar os atributos pessoais de quadros petistas mas, o caudilhismo, o personalismo, não são e nunca foram marcas, sequer pálidas, na carreira deste partido que alavancou o pais na direção de seus grandes ideais de maneira irreversível. Ainda assim, quero realçar o grande incentivo dado por Lula as nossas crianças para que estudem, cultivem bons hábitos e, tenham fé irremovível na decência.
  • Nada disso seria possível, não houvesse no Brasil povo de caráter onde as propostas trabalhistas encontraram incondicional apoio. Povo que não negocia sua honestidade por vantagens pecuniárias, seja la de que valor ou alcance. A família brasileira esta de parabéns por essa demonstração de integridade.

Muito obrigado!

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Foi falta!

www.madadventurers.com
Perdida em selvas e pantanais da consciência, em busca do macaco que lhe escapou pela boca, está a torcedora do respeitável Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense. Dela, leio na Folha grave confissão, provavelmente feita como oferenda extrema para aplacar a sanha dos homens e, se possível, apagar a dura mensagem que a Lei lhe manda. O jornal explora como pode a declaração e, confunde-se nas chamadas para a noticia. Em uma delas a torcedora diz ter ficado com UM negro. Na coluna das 10 Mais Lidas, o jornal declara que esta ficou com negros. Depois, na reportagem, lê-se a afirmação da senhorita onde afirma, novamente, ter ficado com UM cara negro... O número de negros, não pertence a conta de ninguém, salvo a declarante. Oportunidade para edificação da ética e da boa convivência entre as pessoas, é o que o triste episodio oferece e, aqui interessa. 

Eu cá, reparo o quanto é difícil, em maior ou menor grau, a compreensão do que é racismo em sua completa extensão. Entende a torcedora que, a gratuita informação de já ter "ficado" com um negro, ou negros como quer o jornal, confere-lhe generosidade, nobreza, ou, mesmo, constitui-se em exemplo de abnegação. Em sua pequena cabeça, "ficar" com um negro é ato de bravura, generosidade da "senhora do engenho" para com a senzala. Pobre moça. Suas confissões se alongam. Informa não ter mais casa e vida social. Toma remédios para dormir e, não tem mais saído. Poderia aproveitar o tempo de que agora dispõem, para melhorar um pouquinho a compreensão das regras que regulam a vida social que tanta falta lhe faz. 
Acredito que no Brasil, há o errado entendimento de que "o negro sabe que não falo por maldade". Pode ser que, não. Minimamente falando, não fará falta alguma as pessoas; não trará nenhum dano psicológico, simplesmente parar com esse tipo de conversa maldosa e pobre. Já para a vitima que tem de ouvir abjetas gracinhas, o dano é grande e, ainda que, generosamente, venha a digerir a ofensa, isso nada lhe acrescenta. Ao contrário; ali começa o processo de recalque, de formação de um vira-lata, o que não interessa a nenhuma pessoa decente, menos ainda, ao país. Com a palavra, o macaco.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Continental Divide

Montana
Em recente visita ao Canada, Província de Alberta, paisagens extasiantes surpreendiam a cada volta do longo caminho de 1.600 km. O Canada é um belo pais; humilde e tardiamente, confirmo o que dizem as pessoas e, principalmente, os números. Faço questão do destaque aos números, sabendo-se que, as pessoas mentem e a estes manipulam.

Por mais que me esforce, tento não pensar no Brasil e, compara-lo aos lugares que visito. Impossível. É um ato tão incontrolável, quanto a um piscar de olhos; ao pulsar do coração... Busco nos números, explicação para as diferenças que maltratam meu orgulho: O Canada tem índice de qualidade de vida situado entre os 10 primeiros. O Brasil esta varias dezenas abaixo, aproximando-se da centésima colocação... Não coincidentemente, o Canada situa-se entre os 10 países com o menor índice de corrupção, enquanto o Brasil esta na 43a. colocação... Isso ajuda a entender a ausência de mendigos e crianças abandonadas pelas ruas... Há pobreza sim, mas é uma pobreza canadense; muitas coordenadas acima na latitude geográfica e humana. Acredito que o componente cultural, deixou marca indelével nas atitudes que norteiam a administração dos dois países. A vastidão territorial é caracteristica comum. Não passa despercebida nem ao mais distraído dos viajantes a poderosa agro-industria, tanto brasileira, como a canadense. Entretanto, invisível aos olhos de quem pelas estradas passa, esta o endurecido coração do latifundiario brasileiro, diferente da visão pragmática do agricultor canadense, que produz para ganhar no presente, enquanto o brasileiro usa a terra para defender-se das incertezas do futuro. Apesar de ser o 2o. maior pais do mundo, com uma população 6 vezes menor do que a brasileira, nao ha fazendas de dimensões continentais no Canada.  Todos sabemos do MST e seus justiceiros sacanas; assim como das grandes fazendas da agro-industria, muitas vezes, com milhões de acres de terras improdutivas... Melhor olhar as paisagens nas fotos e, registradas na mente. 

Sociologia a parte, ir a Montana sempre foi uma das prioridades entre os lugares a visitar. Um filme que assisti tempos atras; A River Runs Through It, motivou-me ainda mais. Não sei o nome em português mas, tenho certeza, deve ser ainda mais bonito traduzido a flor-do-lacio. Muita porcaria filmada, foi salva do prejuízo por criativos títulos em português.... O rio estava la e, continua a correr através de pedras, montanhas, grandes e pequenas vilas, e corações.... Fizeram questão de acrescentar nas placas de direcoes, os nomes indígenas e acentos gráficos que, normalmente, não existem em inglês, na grafia do nome indígena... Ficou muito parecido com escritos árabes... uma simpática confusão linguística. Houve momentos em que pensei ter saído atrás de A River Runs Through It e, acabei em Casablanca... Pior, mesmo, só no Canada, onde as placas são grafadas em inglês e francês, o que fez com que reduzissem o tamanho das letras, para não ter de aumentar o tamanho das placas... É preciso estar com o exame de vista em dia... Descobri que o mundo descrito em francês, é maior...

Voltando a Montana, estado 1.5 vezes maior que o estado de São Paulo, com uma população estimada em 1 milhão de pessoas, talvez uma Campinas, a natureza esta preservada em toda sua beleza original, em seus grandes parques nacionais e, vazios naturais. A Going-to-the-Sun Road por si só justificaria a grande distancia a percorrer. Construída na década de 30, as marcas do grande esforço la despendido dada a ausência dos extraordinários avanços em equipamento e engenharia feitos desde entao, sublinham ainda mais a beleza das montanhas, agora cobertas de verde, vales, e rios de um azul turquesa que escraviza o olhar com sua variedade de tons. Há o inverno durissimo, sim, mas, agora é verão... Nas pequenas cidades, o bom gosto do dollar esta presente nos hotéis e saloons construídos em madeira e outros materiais que não ofendam a beleza natural predominante. A população indígena é grande e, esta por toda parte. Ali, no oeste de Montana, estão os Blackfeet e Flathead, a dar maior autenticidade a paisagem e a vida do lugar. Haveria muito mais a falar de Montana e, Alberta no Canada. Entretanto, assalta-me o incomodo sentimento de que posso estar a abusar da paciência dos amigos e incautos que porventura até aqui chegaram. Tenho certeza de que o Rio que Corre Através do Lugar ali ira permanecer a séculos por vir, dispensando narrativas falhas e pobres, diante de tantas e inenarráveis belezas...

Varias vezes durante o percurso, uma linha chamada Continental Divide surgiu sinalizada nas placas de informaçoes geográficas do lugar. Em casa, li que isso sinaliza a direcção para a qual as águas e rios se dirigem; Atlântico ou Pacifico, Artico ou Golfo... Há uma Continental Divide entre  homens de bem e patifes, estes últimos, em sua maioria, logo abaixo do Rio Grande. O nome dessa linha é Lei...

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Capitão Chorão!

Quando vi a foto de David Luiz, os longos cabelos desarrumados, olhos vermelhos, boca em desalinho, chorando, não tive como não lembrar de nossos velhos capitãesBellini, Mauro, Carlos Alberto, viris, dignos, senhores do oficio. Digo, sem nenhuma reserva: Futebol, na amplitude da seriedade com que é encarado no Brasil e no Mundo, é pra Homem. Mulher e criança podem jogar, mas ai é passa-tempo, distração curiosa e pândega. Em campo,  jogando em solo brasileiro, estavam onze moleques amedrontados, acovardados.

João Saldanha, quando convidado a ser técnico em 1.970, como uma das primeiras providências ao assumir, mandou parar com o tratamento "canarinho" dado aos jogadores e a Seleção. Mandou avisar que seus jogadores eram feras e, não o delicado e saltitante passarinho. Saldanha era homem sem medo e, sem papas na língua na época avisava que futebol não era coisa pra mulher. Em divertido arrazoado, discutindo com Jaguar e outros caras do Pasquim, argumentou: "E, na cobrança de falta? Como é que faz? O homem  tem de defender o saco. A mulher tem dois seios e, o útero." Saldanha, errou. O jogador de futebol, homem, ao menos quando jogasse na seleção, tem de defender o saco e a honra... Podem ter saco mas, alguns  devem usar para urinar. A honra esta depositada em bancos europeus... Saldanha não foi campeão em 70. Era comunista de carteirinha, ou melhor, de Livro Vermelho do Grande Timoneiro Mao, e acabou defenestrado por Médici, sob a alegação de que este queria Dario de centro-avante. Saldanha não aceitou a escalação, pegou o chapéu e, foi-se. Deixou a seleção classificada e escalada para Zagalo ser campeão.

Não gosto de tanta bolinação entre jogadores. Em um dos jogos, um sujeito preto enfiou os dedos por entre a cabeleira do anjinho-bibelô David Luiz e, achei que ia sair o tal selinho (puta que pariu... selinho!). Outros, ajoelham-se e pedem a algum deus que ajude no resultado. Fique de pé, fdpNão se deve misturar esporte, politica e, religião. Deus, se existir, é cara ocupado.  guerras e muita fome nesse mundo pra ele perder tempo com  uma multidão de azarados assistindo 22 sujeitos corrrendo atrás de uma bola. Agora, ai estão dois papas, um argentino e outro alemão, com as respectivas seleçoes a se enfrentarem. De que lado o Homem fica? Do lado brasileiro é que não foi...

Leio em toda parte que, esses 7 x 1 vão servir para que o Brasil acorde e tome tenência da miserável situacao em que vive desde sempre. Que idiotice! Quem me dera a solução para a inconsciência brasileira fosse uma goleada germânica! Esse pensamento  serve para mostrar que a alienação é cronica, e burra. Não  nada errado em tudo isso. Esse povo tem exatamente o que merece!

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Tudo pelo social!

Volta e meia, vozes importantes erguem-se e falam de suas frustrações ao constatar a extraordinária dependência das pessoas, em relação ao que se convencionou chamar de mídia social. Esquecem-se de que na comparação dos séculos, grandes inovações foram assimiladas, e a Terra continuou em seu eixo. Primeiro, vieram os correios levando cartas e telegramas a famílias, amigos e inimigos, enamorados, e amantes. Mais tarde, veio o rádio, transmitindo recados entre os ouvintes de determinado programa, em geral de música sertaneja e romântica. Entregava saudosas lembranças de mães a filhos e maridos, ou apaixonada mensagem a namorados, que haviam partido em busca de melhor sorte em outras terras. O serviço, por ser público, recomendava cuidadosa escolha de palavras a fim de preservar a necessária discricao e, nao causar embaraços.

Hoje, aí estão o Facebook, o twitter, o Instagram, para ficar nestes, entregando mensagens e imagens por todo o mundo. É impressionante o frenesi com que as grandes empresas do ramo, tentam inovar e, assim atrair clientes para que estes utilizem seus serviços. É tambem frénetica, a maneira como as pessoas buscam e se entregam a novidades que, muitas vezes, nem são bem novidades mas, diferentes maneiras de apresentar as mesmas coisas.  Esse enorme movimento que tomou conta do planeta, onde empresas despejam no mercado massivas quantidades de eletrônicos e, bilhões de pessoas cabisbaixas põem-se, então, a dedilhá-los; é isso que tem provocado alertas, as vezes irados, das tais vozes importantes. Tem razão estas, quando apontam para claras e graves incoerências. Por um lado, as pessoas não suportam a solidão e, tal como um náufrago social, enviam garrafas ao mar, escancarando publicamente seu estado de espírito, alegrias e contrariedades, boa parte das vezes com imagens e sons. Por outro lado, trocam a boa conversa, o agradável mistério de um olhar, o toque amigo de mãos,  a emoção do timbre de uma voz humana, amiga, pela companhia de algum artefato eletrônico, que esses são muitos. Estranho mundo...

Não bastasse isso, no diuturno garimpar por mensagens e novidades, é inevitável deparar-se com imagens e textos que entristecem, desanimam e amargam o dia.  É verdade que o cardápio é variado e, em certo grau, permite escolha: Há piadas de bom espírito, outras sem graça alguma. Anedotas, xaradas, imagens com truques visuais onde é necessário encontrar o gato, um menino, um velho e, se vc não encontrar, é porque não esta preparado; sabe-se lá preparado para que... belíssimas e inexistentes paisagens, só possíveis com truques de computador. Confissoes de fé, de desânimo, sortilégios, busca de pessoas extraviadas, ação entre amigos para levantamento de fundos para desgraçados e miseráveis de toda sorte, rezas de poder certo, ofensas de compreensão reservada as partes litigantes, desinteligências afetivas, frases de alento e ânimo, denúncias de ataque ao erário por parte de políticos, imagens e estórias de crimes hediondos... mulheres nuas em variados estados de conservação e decomposição, figuras andróginas e etéreas, indefinidas...  Imagens malignas, notícias de morte de um ente, as vezes querido, outras vezes, de tardio e ansiado desaparecimento... lamentos, desalentos e ânimos, enfim, um mercado persa de emoções de toda cor e calibre. Tudo isso, muitas vezes, em escrita que atropela as mais comezinhas regras gramaticais; um verdadeiro dialeto nunca antes escrito.


Apesar de tudo, entendo ser isso de indiscutível validade, já que mostra um retrato, antes camuflado, da sociedade. É o submundo, antes ignorado, indesejado que, agora, se adianta e mostra sua face grotesca. Também, supostos ilustres cidadãos, debaixo dos holofotes da midia social, já nao escondem os trazeiros rasgados de suas calças, e são expostos para escárnio público. Ajuda muito a entender a violência que, com preocupante frequência, explode ao nosso lado. Mostra a razão de termos uma sociedade aparentemente benigna, que produz uma realidade maligna. Finalmente, pessoas de todos os níveis sociais, credos e poder financeiro, tem voz e vez. E, boa parte dessas vezes, o que essa voz fala e urra, é desagradavel e assustador. Torna clara a linha que divide uma sociedade composta de pessoas de raros princípios, princípios nenhum e, outras que, prisioneiras de seu tempo, simplesmente recusam-se a compreender que, a verdade de ontem tornou-se a dúvida de hoje, e a incerteza de amanhã.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Os Reis Alienados...

Há na história recente do Brasil, reais personagens, de maior, menor, ou nenhum lustro, cuja extraordinária imunidade as vicissitudes que acometem a maioria plebéia, desafia explicações freudianas, maquiavélicas e, divinas... Essas pessoas tem em comum a refinada habilidade de não permitir que as misérias cotidianas os distraiam da busca do objetivo ao qual se lançaram com obstinada determinação. Assim, incólumes, soberanos, navegam acima das enfurecidas ondas que engolfam e desgraçam a Nação. Não há imagem triste, visão dolorosa, ou apelo desesperado que os sensibilizem. Inabaláveis, seguem adiante em seu propósito de oferecer, cada qual com suas artes e ilusões, um horizonte, sempre imaginário e inatingível, aos que para eles se voltam em busca de alguma distração e refrigério para as dores e contrariedades da vida ordinária a qual estão irremediavelmente condenados.

Enquanto escrevo, penso em nossos Reis e, suas desalmadas frases ou, angustiantes silêncios. Rei Pelé, recomendou ao povo que não atrapalhasse com seus queixumes e desatinados atos de protesto, a monumental festa mundial do futebol. Rei Naldo, explicou que não se joga futebol em hospitais. O povo que lamba lá suas perebas mas, não lhe estrague os negócios e, as pretensões de entrar para a cartolagem mundial. Rei Roberto, majestosamente ignorou os reclamos dos que pediam mais emoções diante da desesperadora situação que viveram seus conterrâneos, assolados por dilúvios bíblicos em sua terra natal... Rei Nan, Cavalheiros, olimpicamente ignorou o asco que provoca sua velhaca presenca na Casa Alta e segue, inatingivel, seu destino alagoano.

Estariam errados os nossos déspostas? Ou, teriam eles perfeita certeza e clara visão da inevitabilidade de exatas leis que regem a miserabilidade e glórias humanas? Cientes desse inexorável e fatal destino dos homens, dedicam-se a busca da perfeição na arte escolhida, sem os tormentos de consciência que assaltam o vulgo das gentes e atrasam suas vidas para sempre, reduzindo todos a um exército de pobres diabos a aplaudir frenéticamente seus Reis e algozes...

A massa amorfa e ignara, resta apenas um consolo nesse jogo de poder e perder: Com seus aplausos ou escárnios, votos omissos ou nulificantes, elege o rei, rainha e, algozes de plantão. Como exemplo recente, registre-se o ostracismo, quase desaparecimento do gordo Rei Momo, outrora figura primeira de nossos carnavais... Uma nova linha estética e ética, o substituiu por faunos esvoaçantes e nuas mulheres a disputar entre si, a atenção do público. O rei esta morto! Viva o Rei!