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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Facebook

Mark Zuckerberg acaba de ser eleito a personalidade do ano pela Time. Não gosto do Facebook, assim como não gosto de gente bisbilhoteira, deselegante e, mal-educada. A rede social ali armada, é uma ferramenta gigantesca e formidável, sem precedentes. É utilizada para a multiplicação e disseminação, em escala mundial, desse mal habito que é falar para todos e, não ouvir a ninguém. Se havia um problema relativo a velocidade com que as mensagens pessoais eram enviadas e recebidas, este já foi resolvido há muito tempo pelos serviços de e-mail e, messenger, em todas suas modalidades.
O Facebook veio para que as pessoas possam expor seus pensamentos cotidianos. Oras, as pessoas, infelizmente, não tem, cotidianamente, a cada hora do dia, pensamentos dignos de nota. Em geral são reflexões "intestinais", muitas das vezes, verdadeiras diarréias mentais. Eu não gosto e, não preciso de ver e nem expor meus intestinos; muito menos, quero ver os alheios e seus produtos. Intestinos cheiram mal e, aí está algo em que todas as pessoas são iguais. Assim como muita gente, detesto a mesmice. Aprecio a discrição, a elegância. Tenho profunda admiração e respeito pelas pessoas que administram, controlam suas dores e contrariedades, sem precisar alardeá-las as outras 700 milhões que estão no Facebook. Sim, é bom e necessário dividir a carga emocional que está a nos sufocar. Mas, isso faz-se com amigos, com quem nos ama e com quem amamos, tendo como testemunha, um copo de companheira bebida, em silencio cúmplice e protetor.
Tenho a absoluta certeza de que o Facebook encontrou tanta aceitação dada a distância que hoje caracteriza os relacionamentos. Caiu em desuso o saudável habito de sentar e, conversar. E nisso, o velho e bom botequim era e continua imbativel.
Vou mais adiante: O Facebook é uma inutilidade. Não gera nenhum bem e, os serviços que presta, já existiam em diferentes modalidades. Não acredito que gere empregos na mesma proporção que gerou uma Microsoft, Apple, Amazon. Isto para manter a comparação entre seus congêneres. Há lugar para um Facebook? Evidentemente que, sim. Prova disso, é que ai está, a fazer milionário seu jovem criador e, outros. Não concordo e, acho desproporcional, um caso de ilusionismo, de hipnotização coletiva, o culto e a veneração que lhe dedicam. 

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Nós que nos Amávamos Tanto...

Acabo de rever C'eravamo Tanto Amati (Nós que nos amávamos Tanto) de Ettore Scola. Foi, um pouco, incômodo. Não me refiro ao fato de ter de assistir as falas no original, em italiano. Ao final, acredito, isso preserva grandemente a alma do filme, a despeito do mau estado em que se encontra meu domínio do idioma. Meu desconforto deveu-se, isso sim, a "inspeção", a auditoria voluntária a que me submeti, ao assistir a excelente obra de Scola. Para quem não assistiu ou, como eu, assistiu há décadas atrás, a trama versa sobre 4 amigos ex guerrilheiros - uma mulher e tres homens - que fizeram parte do Comitato di Liberazione Nazionale durante a II Grande Guerra. Reencontram-se anos mais tarde e, confrontam, re-examinam seus velhos ideais e, verificam como o miúdo da vida corroeu, corrompeu, destruiu, alterou os sonhos de cada um; politicos e existenciais. Apesar de, assim colocado, o filme soar nostálgico, melancólico, nãé o que sempre ocorre ao longo da trama . Ao contrario; é bem-humorado; temperado com medida dose de amargura. Scola concretiza a sabedoria de que, ver com bom humor a própria tragédia, é grandeza de espírito. Sim, porque muito do que ali está, por certo não é uma ficção mas, sim, o testemunho de algo que o próprio Ettore foi contemporâneo.

A certa altura do filme, um dos personagens constata e declara, decepcionado e, rendido a patética realidade: "...nós que pretendíamos mudar o mundo, fomos, pelo mundo, mudados." Também é, tão desgraçadamente atual, ver a personagem mulher dos quatro amigos, agora já mãe de um garoto, pernoitando em frente a escola pública, para poder conseguir vaga para o filho. A frase dita por seu marido, outro dos 4 amigos, é atualíssima: "Dizem-nos que ir a escola é uma obrigação! Mas, não nos dão esse direito!". Na mesma seqüência, outro dos amigos que, anos atrás, foi apaixonado pela amiga que agora madruga pela vaga escolar para o filho, serve-nos outra cena romântica, saborosa como amargos chocolates italianos. Aproveitando-se do fato de que o marido desta canta ao violão, acompanhado de um grupo de madrugadores por vaga escolar, ao redor de uma fogueira, dirige-se a mulher, antigo amor dos tempos pos-guerrilha: "Pensei em você todos estes anos, Luciana". Ela: "Eu nunca mais pensei em você. Casei-me com Antonio; tivemos dois filhos... nós brigamos". Ele: "Eu pensei que um grande amor... fosse um grande amor". E, retira-se, levando consigo uma enorme e final lição. Há quem viva toda uma vida, sem perceber que teve um amor. E, assim fazendo, nunca, de fato, o teve. Constatou o quanto a dura realidade cotidiana, impoem limites, até mesmo, aos "amores eternos"

Outra passagem divertida, é quando, em uma discussão, a esposa diz a um dos amigos - agora bem sucedido advogado de construtora envolvida com a mafia: "...a morte sublima todos os pecados...", com o que este não concorda. Para dar veracidade a afirmação que acabou de fazer, esta lembra ao marido que, a frase consta do "Sidharta" o qual ele tanto recomendou a ela que lesse, enquanto que ele próprio nunca o fez... Um pouco de nosso Chico lamentando o fato da amada nunca ter lido o Neruda que havia tomado emprestado...

Scola aborda os vários e mais importantes aspectos da vida, cuidadosamente construídos para os personagens de seu filme. Impossível falar de todos aqui, o que fiz, parcamente, a respeito de uns poucos. Assistam o filme! Scola ensina a Vida...

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A Pedra

by Piresvs
Se um dia, atento geólogo examinar com cuidado as paredes íngremes, de decidida verticalidade, do imponente Pico do Itabira, irá ali encontrar as marcas de meu espantado olhar de menino. A gigantesca rocha ergue-se quase meio quilometro em direção ao céu, como houvesse furiosamente rompido a superfície, depois de impetuosa viagem desde as profundezas da Terra. Não bastasse a pétrea realidade de sua presença monumental, o Itabira é cercado de lendas desde sempre... Em minha infância, dizia-se ser a pedra, oca, de imenso vazio impossível de ser explorado; vazio este que desafiava as então inigualáveis tecnologia e ciências americanas... Nunca soube com certeza se o Itabira é mesmo oco. Para mim, ele sempre foi cheio. Cheio de fantasias, mistérios e encantos. Um tio meu, filho adotivo de minha avó, depois de criado foi viver ao pé do Itabira. Das grandes perdas que contabilizo da infância, entre elas está a de nunca ter mantido contato maior com esse parente, salvo uma longínqua e solitária visita, de data incerta e já completamente extraviada na memória. Lembro dos muitos e altos pés de manga e da, então ainda existente, espessa mata atlântica a encobrir a visão completa a qual esperava eu ter do Itabira, depois de longa caminhada até o sitio de meu tio. Anos mais tarde, eu iria aprender que, grande parte das poucas coisas realmente boas da vida, aprecia-se melhor a distância... Eu, menino, não percebi a lição que a solida pedra ali a mim ministrava, desde sua milenar certeza.
Hoje, vi entre fotografias de um certo primo, o velho e singular granito, sempre altivo, certo, impassível e absoluto, sábia e eternamente a apontar para o céu. Já não tem mais tanta mata a sua volta, a emoldurar seu escuro corpo. Não precisa dela. Vive de si e, nada mais. Como sempre aconteceu, ainda que em foto, meu olhar nela fixou-se por um tempo e, depois se foi, insaciado em minha eterna admiração e respeito pelo Itabira. Tenho a esperança de, um dia, la voltar. O que não tenho, é a força e a resistência ao tempo, qualidades as quais sobra a "Pedra de Pé", nome traduzido do tupi-guarani. Se acontecer de eu cair antes, espero que me seja concedido o ultimo desejo de la passar e reforçar as marcas de meu olhar de menino diante da simplicidade bela e sem fim da velha Pedra.

sábado, 23 de outubro de 2010

Amizade política...




Mal posso esperar o dia em que termine a campanha eleitoreira...  É como um trem que nunca chega... É possível discutir política sem afetar amizades mas, na pratica, isto não é fácil. E, haja amizade... Juras de eterna afeição, as vezes, são usadas como band-aid. É o conhecido "morde e assopra". As cores, variam. Há aqueles que não chegam exatamente a perder as estribeiras, nem a educação mas, martelam diuturna e furiosamente a "oposição" com noticias falsas, confirmadas, boatos, rumores, opiniões. Em sendo críticas que desanquem o inimigo, está valendo. Deixe o desmentido por conta do lado atingido; se houver desmentido. Em geral, este prefere assacar outras criticas do mesmo nível e especie contra o ofensor e... bola pra frente. Tem aqueles que preferem fazer o gênero "cospe na minha mão se você for homem...", lembram disso? Dois briguentos, um terceiro esperto coloca a mão espalmada na vertical entre os dois e, pronuncia a tal frase. Como naquela época todos eram machos, inclusive as mulheres, ambos cuspiam. A mão esperta e rapidamente retirada, permitia que as cusparadas atingissem as partes de maneira democrática. Aí, o pau comia solto... A politica, em sua pratica mais honrada, tem disso também... Vale destacar a presença dos silenciosos. Em geral, tem um perfil social que não fica bem quando veste as ideias politicas de sua preferência. Então, cala, acanhado. Um dia, revolta-se e, rasga a gazeta. Fala tudo o que ficou ali, engasgado, amordaçado por quase toda a campanha. Em geral, as demais partes, consternadas, silenciam. Padecem do mesmo mal e, caridosamente, calam. O desencanado, volta a sua trincheira e, bem ao seu estilo, impõem-se obsequioso voto de silencio... até que o nível de revolta torne-se insuportável e, de novo, aos borbotões, desabafa golfadas de opiniões, "verdades" e revoltas duramente caladas, enterradas sob pazadas de fel produzida pelo figado corroído... E, claro, há uma enorme plateia assistindo a tudo isso. Constituem o que se poderia chamar de "terra de ninguém", sem eira nem beira, "bad land"... É dessa desolação que saem os Tiriricas e, assemelhados. Não que os candidatos convencionais sejam muito melhores. Possivelmente, equivalem-se... Mas, quem despendeu, de fato, tempo para analisar quem é quem? Poucos... O que interessa, é assumir um lado na peleja e vencer o outro lado... Depois, vê-se o resto... Quando a conta dos enganos chegar, quem cometeu as despesas, talvez, nem esteja mais na mesa para pagar...

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Fadigas da Alma

O exercício da democracia é saudável, os debates sao bem-vindos e necessarios. Entretanto, como tudo que é demais nessa vida, isso também cansa. Prometi a mim mesmo que não falaria de politica nesta mensagem e, não o farei. Estou com saudades de coisas boas e leves; que duram para sempre, que sobreviveram a ação de democratas, ditadores e caudilhos. Sim, as coisas leves podem durar mais do que muros... estes, tantos já tombaram; Jericó, Berlim, Muralhas da China... Existe alguém que queira uma muralha da China? Pode ser mas, tenho a certeza de que a maioria prefere a delicada e leve porcelana chinesa, de indeléveis e preciosas gravuras...

O mundo sempre foi rude e, não é certo por a culpa no Tempo. O pior problema, é sempre o último; já disseram isso muitas vezes mas, a gente não presta atenção. Há muita coisa bela, ainda por ser vista, ouvida, degustada, apreciada. As vezes, é preciso parar, relaxar e abandonar-se a fantasias que nos levam para bem longe de realidades cruéis. Algum pragmático empedernido dirá: perda de tempo! Não, não é! É comprovado que, as grandes realizações materiais, tiveram origem em um sonho, em uma fantasia, em uma ilusão "boba"; voar, navegar por altos mares, viajar para longe.. sem nunca parar...
 
Acho que é preciso permitir que os sonhos venham de nossa alma, que a nada deveria temer. Não podemos permitir que sejam produtos de experiências diárias, na maior parte das vezes, desagradáveis, sem cor, nem sabor, que ferem os ouvidos, os olhos, os sentimentos...
 
Você não precisa carregar o piano todos os dias. É sua vez de ouvi-lo. Sente-se, feche os olhos, relaxe e permita-se aos bens que permanecem extraordinários, indiferentes a passagem dos séculos; assim como a boa música, as grandes pinturas, os livros eternos, as inteligências universais... Junte tudo em você, suba no tapete de Sherazade e, boa viagem para a Grécia de Zorba, para o Oriente Médio de Gibran e Salomão, para a China de Tzé, para a Europa de Assis, para a África de Sabá, para o Brasil de Machado, Alencar, Lobato, Zé Mauro... Milton, Pelé, Barbosa Lima, Niemeyer... junte tudo e, crie um novo Universo, melhor, onde todas as diversidades caibam e convivam como em um Sonho de Noite de Verao de Shakespeare...

sábado, 4 de setembro de 2010

Ivete em Nova York, Sonia em Sundance


Eu ia falar de Ivete Sangalo em Nova York. Acho a música brasileira a  melhor do mundo, apesar dos ataques terroristas que sofre por parte de "sertanejos", "engolidores de garrafas", e outros quetais... Parece que Ivete quer ser a Byoncé brasileira, o que, a principio, entendo ser um objetivo pobre. Seja Ivete e, pronto. Muito artista brasileiro, passou por aqui. Desde os tempos da Radio Nacional, Vera Cruz, até Cidade Deus, é que estamos tentando deixar uma marca no cenário artístico americano, provavelmente o maior do mundo. Não é fácil. As diferenças culturais, são enormes. Enquanto nós brasileiros adoramos "pesquisar" nossas dores, saudades, tristezas e felicidades e, ensaiar porque foi assim e, não de outra maneira, o americano "pesquisa", anota as conclusões e, "move on". O Brasil se dá muito melhor na Europa e, vice-versa. Todavia, quando se trata de produção americana, a história tem outro final. Praticamente qualquer coisa made in USA, faz sucesso no Brasil; filmes, músicas, hamburguers, carros, computadores, facebook, youtube, madona aos 50, bob dylan tocando qualquer porcaria, ipod; tudo vende no Brasil... A única coisa que "não pega", é governante americano. Todos, sem exceção, não prestam. Preferem Fidel, Ahmadinejah, Chavez, O Diabo, menos qualquer um americano... Não tenho e, não pretendo arriscar explicação. Também, na mesma pagina de jornal, vi Sonia Braga explicando sua inaptidão para teatro. Admiro Sonia pela sua coragem em falar o que pensa, ainda que isso lhe tenha custado um certo ostracismo. Sonia esteve envolvida com Robert Redford durante vários anos. Redford é dono de um resort aqui perto onde moro, onde, anualmente promove o Festival de Cinema de Sundance. Sundance Resort é um lugar lindíssimo e, certamente, ficava mais belo com a presença de Sonia Braga. Além de belo, é um dos primeiros exemplos que recebí sobre a abrangência da palavra democracia: É um espaço aberto a qualquer um e, não é preciso pagar nada para desfrutar das belezas que o cercam. Voce pode entrar, pedir um cafézinho, uma bebida qualquer, abrigar-se no aconchegante lodge de madeira e, meditar ao cair da neve que completa a já previlegiada paisagem. Gostaria de um dia, ter encontrado Sonia naquele lugar...
Comecei dizendo que ia falar de Ivete Sangalo. Falei também de Sonia Braga. Tudo isso para fugir um pouco da aridez da vida real. Essa vida que na mesma página de jornal, traz em pequena chamada, em pleno século 21, no estado do RJ, na 8a. economia do mundo, o seguinte: Trabalho Escravo - 95 cortadores de cana são resgatados em fazenda no Rio. Pensa que se trata de algum antigo "coronel" sobrevivente dos tempos do Império? Errou! A fazenda pertence à Erbas Agropecuária. Com certeza, rigoroso inquérito será instaurado... É desanimador... Canta Ivete... canta!

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Nuvens inúteis...

Algum desocupado, deu-se ao trabalho de aglomerar as palavras mais utilizadas pelos candidatos no ultimo debate pela campanha presidencial. Deu cores diferentes as palavras e, embolou-as em uma disforme massa; uma nuvem multicolorida de palavras, o que atualmente chamam "tag". Fez isto com as declarações de Plinio, Marina, Dilma, e Serra. Antigo professor, honra-me ao perguntar se entendi a finalidade da "arte", ao que, abaixo, tento responder:
Professor, agradeço e, ao mesmo tempo, peço desculpas por nao poder retribuir a confiança fiada, quanto a minha capacidade para esclarecer as nuvens de palavras que apareceram em alguma página do velho Estadão. Interpretar fumaça e assemelhados é arte complicada; não é de hoje... Não há criança que não tenha, um dia, deitado no chão, olhado para o céu e enxergado fantásticos seres em estratos, cumulus nimbus e, mesmo, em feios nevoeiros... Ainda hoje, quando viajo com minha velha mãe, admiro o fato de ela ter conservado a arte de interpretar nuvens, apesar da rudeza da vida... Bichos, coisas as mais diversas, personagens...mares a flutuar no espaço... Percebi o quanto de minha sensibilidade foi soterrada pelo cotidiano de uma "vida moderna" onde, olhar para o chão e para frente, é requisito básico para não tropeçar, cair e ser atropelado pela turba que avança...
Velho mestre, esforcei-me para resolver este problema que você, agora, bissextamente, trouxe-me. Confie que sim. Fui ao link indicado em seu e-mail(http://blogs.estadao.com.br/vox-publica/). Parece que este acessa a ultima publicação do blog e, não o artigo aqui em pauta. Voltei a olhar a nuvem de palavras, sem sucesso. Mesmo, pensei em mostrá-la para minha mãe mas, achei que poderia ser falta de respeito. Agora, é moda falar palavrão e, não pude ler a "arte" palavra por palavra, de modo a ter a certeza de que trata-se de texto, digamos, "família"... Por fim - eureka! - lembrei-me de que moro a pouca distância de uma reserva indígena Navajo. Esse pessoal é conhecido, entre outras habilidades, por saber ler com precisão o significado de nebulosidades. Comunicavam-se assim, através de sinais de fumaça, até a chegada de Búfalo Bill e da Southern Bell. Meu único receio é que, o significado das tais condensações de palavras do debate, seja algo obsceno. Esses índios são pessoas sensíveis e, ofendem-se de maneira irremediável, com facilidade. Políticos, de todos os quadrantes, não são, exatamente, pessoas de bom trato. O General Custer de há muito finou-se e, a Cavalaria está bastante ocupada com o Afeganistão, de formas que, não posso contar com socorro em caso de maus modos por parte do Plinio, da Marina e, do Serra. A Dilma é ininteligível e, nem mesmo os xamãs navajos ou apaches irão desvendá-la...
Por fim, caro professor, arrisco dizer que, a freqüência das palavras utilizadas por uma pessoa; o vocabulário desta, em algum grau, revela o conteúdo mental da mesma. Afinal, não é possível que tantos vocábulos sirvam somente para formar nuvens... nuvens inúteis... não, mesmo, principalmente tratando-se de político brasileiro.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Uma pintura...

Alguém enviou fotos de Salvador Dali. Coloco dessa forma indefinida, porque não lembro quem mandou e, nem para quem mandou. Não importa. Todo mundo merece ver Dali. Tenho uma queda por pinturas. Não, não sou nenhum marchand, nem tenho qualquer treinamento formal para olhar, analisar uma pintura. Também, não quero e, não se trata de pedantismo. Simplesmente, acho que isso deforma a visão que se pode ter da obra. Prefiro ver no original; primitivamente, assim como quem se depara com uma bela paisagem no caminho, um luar, um nascer ou por do sol... Se eu souber que meu interlocutor é psicólogo ou coisa que o valha, sinto-me desconfortável e, a conversa perderá em sinceridade. Essa gente tem padrões e standards para tudo e para todos. São pessoas que tem o meu respeito mas, jamais sentarei para beber e falar de vícios, desacertos, alegrias e contrariedades; essas coisas que me caracterizam como um ser humano... Se acontecer, vão achar que estão a conversar com um desses robôs japoneses, criados para fazer companhias a almas solitárias. Tomam uma carga de bateria, enquanto você toma um saquê. Para cada palavra chave que ouvem, devolvem um cliché. É assim, imagino, que as pinturas e os pintores devem se sentir diante dos marchands. Voltando a pinturas, não quero que me digam o que atormentou Van Gogh. Prefiro olhar e, assustar-me diante das linhas tortuosas lembrando chamas coloridas que consomem a alma. A ousadia desses catalães, mal-educados, rebeldes sem idade, que lhe atiram no inverossímil sem nenhuma piedade, é monumental. Ao final da contemplação de uma pintura, pego meu fôlego perdido e, reconheço minha pequenez diante destes gigantes dos sonhos e, volto a minha ridícula vida permeada por lógicas... Velásquez! A Velásquez! Caravaggio! Minha poderosa Cannon não passa de um giz de cera, quando comparado com o olho que vê desses seres esquisitos que são os pintores. Não hesitaram em realçar os detalhes do Universo... E a vida está nos detalhes, que meu olho nunca vê, meu coração não sente, e minha alma passa ao largo, eternamente seduzida pelo Todo, esse sim, tão ilusório.

domingo, 4 de julho de 2010

O Último Tango

Carlos Barria/Reuters  
Hollywood tem a calçada da fama onde, todos sabem, há marcas dos grandes ilusionistas da 7a. arte. Ali, aglomeram-se pessoas a buscar a marca de uma mão, de um pé, de uma pata de animal ou, de uma assinatura, em frente ao teatro chinês. O lugar é  melancólico e decepcionante. Só mesmo Hollywood para nos enfiar aquela patetice garganta abaixo. Tenho secreta convicção de que, parte do ódio muçulmano aos judeus, deve ser debitado a Samuel Goldwin e Louis Mayer (MGM). Estive lá, não vou negar. Pior; por força de cortesia a amigos que nos visitavam, voltei e, isso é verdade. Tirei uma foto com uma réplica muito boa de Marilyn Monroe e, não pude resistir a canalhice de murmurar no ouvido dela: Sou a reencarnação de Jack Kennedy.... Acho que ouviu a "gracinha" inúmeras vezes, pois respondeu de bate-pronto: Você está muito bem pra sua idade... Reparei que "Marilyn" trazia um discretissimo crachá aludindo a uma das milhares de seitas religiosas que infestam o sul dos EUA e, achei prudente não retrucar. Tenho certeza de que ela tinha ramificações com a Ku Klux Klan e eu tenho lá um pé na cozinha e, outras pendências...
O que levou-me a pensar na Calçada da Fama e o Teatro Chinês - veja que a China nos empurra tranqueiras, não é de hoje - foi Maradona. Creio piamente que, se um dia, alguém retirar as velhas pedras que calçam a Boca, a exemplo de Hollywood, encontrará nelas, gravados, além dos nomes de Diego Solís, Ástor Piazzola, Gardel, Susana Rinaldi, Libertad Lamarque e - porque não? - o nosso Carlos Galhardo, o nome de Diego Armando Maradona. Que personagem! Metido em seu jaquetão, fumando charuto, brincos duplos, bigode e vistosa cabeleira encimando o rosto marcado por incontáveis mal passos vida afora, Don Diego manteve vivas as cores folclóricas do futebol e de sua latinidade. O antigo gênio do futebol argentino, agora encarnado em bizarra figura, sozinho, fez o que Hollywood precisa de toda uma trupe para conseguir o mesmo efeito: iludiu. Maradona, primeiro, iludiu toda Argentina e, conseguiu o posto de técnico da seleção. Depois, reduziu a expectativa de vida da população portenha pela metade, ao quase não conseguir a classificadão para o Mundial. Em outra mágica, corrigiu o rumo e foi a Africa do Sul, cercado pela aura  de  último representante vivo da fleuma de sua raça. Lá, iludiu toda uma audiência de bilhões de pessoas, com passitos de tango, rodopios, expressões faciais variadas, beijos e animados afagos  em seus jogadores, em cada pulso um relógio e, um misterioso amuleto sempre a rolar na mão esquerda.  Dieguito dividiu - e ganhou -  a atenção das câmeras durante as transmissões dos jogos da Argentina. Perdeu as pelejas mas, venceu a propaganda em torno de seu nome, vital para sua sobrevivência como personagem popular. Exibindo a velha malicia dos campos de futebol, deu cotoveladas em Pelé e Platini, trazendo as luzes da ribalta sobre si. Tomou o troco tanto do Rei como do francês mas... saiu a francesa. Maradona, com suas sovadas milongas, continua vivíssimo. O ultimo tango ainda não tocou e, talvez, nunca venha a tocar... ao menos, não na velha Argentina, terra que tanto necessita de caudilhos e suas repetidas ilusões...

quinta-feira, 24 de junho de 2010

NO A LA CAZA DE BALLENAS!!!

Assim como milhões de pessoas, adoro um bom texto. Entretanto, certas imagens, sejam fotos, pinturas, desenhos; tanto quanto os escritos, tem a capacidade de levar-me a imaginar coisas, divagar, mesmo, raciocinar. Sou pessoa simples, de pensamentos simples e rasos. Tenho rascunhos de ideias, nada acabado assim como os ideólogos do PT e a manutenção do poder... Mas, voltemos a lucidez. Tento entender como meus semelhantes chegaram a determinado nível de consciência, de compreensão das coisas, das quais continuo distante e quase sem rumo. Entristecido desanimo, e volto a realidades simples e de pouco uso, tais como acordar, escovar os sapatos e os dentes, nessa ordem, alimentar meu corpo e, acreditar que o trabalho que realizo é importante para a sobrevivência da espécie. É com esse entulho mental que olho essa foto ai de cima na Folha. Mostra uma pessoa com uma melancia inserida na cabeça, uma cabeleira longa a lhe escorrer da boca, deitada sobre seu lado esquerdo, linguagem corporal como que a pedir clemencia. Há uma placa, claro que dirigida para obtusos como eu próprio, a esclarecer o objetivo de tudo aquilo: NO A LA CAZA DE BALLENAS. Penso comigo: De novo aquele sofisticado grupo de nórdicos, intelectuais franceses e bichas inglesas, a defender animais sem voz e, pior, sem metralhadoras UZI. A Folha informa que a foto de Daniel Aguilar/Reuters, reflete cena - pasme -  em frente ao Ministério do Ambiente do México. Inevitável; entro em pânico! Na ausência de crença que me auxilie, procuro meu Valium. Explico a razão de meu desarranjo mental, extensivo as entranhas: É noticia amplamente divulgada que, mais de 23.000 pessoas foram mortas no México, na chamada Guerra das Drogas, nos últimos 3 anos. Muito mais da metade dessas mortes aconteceram dentro do último ano e meio... Então, para meu desespero, alguém vem, deita-se na calcada sobre seu lado esquerdo, que é o do coração e, anuncia que "la caza de ballenas" deve parar... Francamente, essa gente ai da foto precisa parar, sim, de consumir drogas, voltar a realidade e, lembrar de um simples ensinamento: As coisas primeiras, primeiro. Ficariam decepcionadas se soubessem que golfinhos tem sido treinados para levar cargas de droga para pontos estratégicos, fora do rastreamento eletrônico da policia, de maneiras a fugir do alcance da lei. Ups! Pera ai! Acho que acabo de captar a idéia encerrada no anúncio "NO A LA CAZA DE BALLENAS". Na verdade, o que está subentendido é "NO A LA CAZA DE DOLPHINS"... Esse El Chapo tem mesmo imaginação. Acima de tudo, é um defensor, um soldado da Natureza! Demorei mas, cheguei lá...
P.S.: Não sei bem qual a razão, o simbolismo, da melancia na cabeça. Imagino que seja exemplo de como ficará a daquele que ousar matar golfinhos... Aceito explicações...

sábado, 12 de junho de 2010

Galileu tinha razão.. o mundo é uma bola!

Uma bola. Galileu tinha razão. O mundo é uma bola, sempre a rolar. E, nós, meninos irrequietos, travessos, maldosos, bonzinhos, pretos, brancos, amarelos, mulatos, todos; humanos ou desumanos, giramos em torno dela. Bissextos, a cada quatro anos, giramos com mais intensidade e fervor. Está aí a Copa do Mundo a ridicularizar sisudos tiranos, frios líderes, cruéis ditadores, papas, aitolás e babalorixás, como circo que chega no bairro e, a todos diverte e faz rir. Vou resistir a tentação de sugerir que a FIFA governe o mundo ou, de que as diferenças entre os povos, sejam resolvidas em um campo de futebol. A primeira, porque corromperíamos a FIFA a niveis insuportaveis. A segunda porque, embora resistente a corrupção mas, nao incorruptível, não seria justa e, poderosa arma, estaria na mão de gente perigosa, outra vez. Se olharmos o mapa da democracia do planeta, é curioso observar que o futebol viceja com mais vigor em terras de curriculum pouco democrático e altamente corruptas. Aí estão a confirmar minha tese, Brasil, Itália, Argentina e Alemanha. A Inglaterra, inventora do esporte, não tem feito bonito, desde que trouxe ao mundo a novidade. A Espanha, que faz parte do pessoal amigo da porrada e do dinheiro fácil, como não consegue boas esquadras nacionais que possam corroborar minha tese, importa-as de além-mar. Tudo bem; existem ditaduras indubitavelmente sanguinárias que mal podem chutar uma bola. Mas, se dirigirmos a análise para o chamado mundo desenvolvido ou em desenvolvimento, os países de sinistro  passado recente, levam larga vantagem. Tudo isso junto, conveceu-me de que trata-se de boba inocência querer que a FIFA governe o planeta. Deixa isso prá lá. Rola a bola!!!

sábado, 22 de maio de 2010

Lembranças do Sol...

O frio da Primavera anda distraído e, o calor do Verão começa a tomar seu lugar. Apesar da luz antiga e bela irradiada pelo Sol, não me animo muito a sair de casa. Prefiro recordar verões distantes, sem data precisa, dos quais ficaram em mim as sensações de sons, cores e, algumas emoções avulsas. Chegar da escola, trocar o uniforme por "roupa de brincar" e ir prá rua ver se algum amigo estava lá esperando. Ou, outras vezes, passar na casa do amigo e perguntar se "...sua mãe deixa você brincar na rua...". Na pior das hipóteses, sentar no chão onde deveria haver a calçada e, ficar rabiscando um desenho qualquer com caco de telha ou, pedaço de tijolo a servir de giz... Formigas... Havia, as vezes, o som de um caminhão chacoalhando a carroçaria de madeira, o cheiro bom de gasolina queimada... Causava-me impressão o ronco da máquina "poderosa" e que, parecia ter vida própria em seu rugido a reclamar de íngreme subida ou ronronando severo em ladeira amiga... Mas, era verão e, quase sempre, o calor do sol conduzia a um estado letárgico irresistível. Sons distantes; latidos de cães, cantos de galos, cigarras, mulheres ralhando com moleques travessos ou chamando por filhos ausentes, gritos de amoladores de facas e tesouras, de ambulantes que consertavam panelas e guarda-chuvas, de compradores de metais e papelões, a rua pobre, o esgoto, a poeira, cães vadios e... o calor! A soma disso tudo, causava a tal letargia; modorra na qual o cérebro, comparo hoje, fica em stand-by assim como acontece com os computadores deixados inativos por longo tempo. Acontecia muito de deitar no chão e observar as nuvens, imensas, formando monstros ou animais. Havia, entretanto, dois sons capazes de ativar a mente sonolenta, com rapidez espantosa: Um deles, era: "Sorveteiro!". O outro, era: "Quer jogar?". Sim, haviam outros, tais como "Pi-ru-li-terooo", "Algodão doooce!", Quebra-queixo, pé-de-moleque... Buzinas e seus sons característico acompanhavam os gritos dos vendedores de algumas dessas guloseimas. O vendedor de quebra-queixo tinha um "artefato" semelhante a uma tábua de cozinheira ao qual estava anexada uma peça de metal parecida a uma alça de mala. Levava o tal instrumento junto a perna, na altura do joelho. Girava o punho com habilidade e, a batida da alça de metal contra a madeira, produzia som ritmado e característico. Até hoje sinto inveja e, talvez, um dia, eu vá vender quebra-queixo em algum lugar onde os meninos ainda possam brincar na rua... Um som, na verdade uma intimaçao, era considerado particularmente sinistro por muito dos meninos: "Entra pra dentro!". Era a mãe, sempre a interromper dura peleja, animado pega-pega ou, esconde-esconde. Um pouco mais tarde, iria, também, interromper as primeiras palpitações cardíacas causadas pelo suave calor da pele da amiguinha, nas brincadeiras de passa-anel, beijo-abraço-ou-aperto-de-mão, em noites de verão perfumadas a manacá...

Salomão, em sua imensa sabedoria, avisava nao haver nada de novo sob o sol.  Há sim, Mestre! Sempre haverá uma emoção nova escondida em lembrança que é  sua; unicamente sua, para sempre... 

sábado, 24 de abril de 2010

Com muito afeto...

Outro dia, precisei fazer aniversário. Alguns bons amigos, não me falaram nada. Outros, tão bons quanto aos primeiros, pediram-me que procurasse viver mais um pouco. Preocupei-me, pois não tenho a intenção de morrer nos próximos dias ou meses. Anos, já é outra conversa e, requer negociação mais atenta. Houve, mesmo, alguns que requisitaram a interferência de Deus, o que levou-me a pensar que minha situação é mais grave do que eu próprio avalio. Na melhor das hipóteses, estes amigos não confiam na minha sinceridade de propósito quanto a manter-me vivo o mais que puder e, pedem ajuda divina. Uma amiga querida, enviou-me foto de quando era jovem, o que animou-me bastante ao reparar que as avarias estão dentro do previsível. Sempre é bom lembrar que, ficar velho é, ainda, a única maneira de permanecermos vivos.
Enfim, essa avalanche de afeto fez-me muito bem, e recebo-a com humildade e alegria. Muito obrigado! 

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Um Rio que transborda...

Querida amiga comenta sobre lição duramente aprendida por Paris, depois de trágica enchente e, enche-me de vaidade ao promover-me a profeta, perguntando "...quando será nossa vez?" Segue minha resposta:
Leninha, desculpe mas, vou passar essa pergunta. Seria muito mais fácil colocar a culpa em Deus e ir em frente mas, vou deixar isso para o Sérgio Cabral, que é pessoa de sólidas convicções religiosas e, mais uma vez, vou tomar os caminhos da amargura. Nunca fui ecologista e nem participo de ONGs e, assemelhados. Entretanto, brinquei muito em rios e lamaçais, e se não aprendi a domar enchentes, passei a amar de paixão a Natureza. Lia e deixava-me envolver pelos livros de Jose Mauro de Vasconscelos a ponto de sentir profunda dor ao ver essa praga da canalização acabar com nossos córregos e, alguns rios das nossas cidades, onde Frei Abóbora deveria estar navegando em Rosinha Minha Canoa. O Anhangabau poderia muito bem ser o Sena brasileiro, garanto que, com vantagens. Esta sepultado vivo. Porque não urbanizar com respeito os nossos rios e, deixar que emprestem as nossas poluídas e feias cidades, um pouco de graça e beleza? O mundo dito civilizado, cuida de seus raros rios com carinho e, os valorizam com muita devoção. O Tâmisa de Londres foi despoluído e, é motivo de orgulho para a Inglaterra. Você menciona o Sena e, assim por diante. Quanto a nos, primeiro usamos os nossos córregos e riachos como esgoto. Depois, ocupamos o ultimo milímetro das margens. Em seguida, vem a festejada e maldita canalização. O Tamanduateí recebeu uma "tampa" a que chamam de elevado. Elevada burrice, digo eu. Vou mudar de assunto e, falar de coisas mais animadoras: Essas enchentes que atormentam as nossas cidades, por exemplo. Fala-se tanto na impermeabilização dos solos mas, nada se faz, alem de escolher nomes que ajudem o afogado cidadão, a engolir toda essa água pôdre. Temos ai "impermeabilização", "retificação de leito" e, outros entulhos mais a perpetuar o entupimento das mentes e dos canais de esgotos, o que em certos casos, da na mesma. Mas, vamos de impermeabilização; Muitos anos atrás, Gurgel, aquele sujeito que fazia carros de fibra de vidro e, que levavam o seu nome, explicou pedagógicamente o lamaçal em que insistimos em afundar: Quarteirões cheios de prédios, onde deveriam haver casas com varandas e quintais, Meu Pé de Laranja Lima, gato e cachorro. A quantidade de esgoto gerada, e multiplicada ao extremo dado o numero de prédios e, o numero de apartamentos por prédio. Adivinhe onde esse esgoto, com louváveis exceções vai parar, depois de "tratado"? Adivinhou! Sempre gostei de sua sagacidade. Some-se a essa estupidez, os pisos completamente "impermeabilizados". Ou seja, quando chove, adivinhe onde vai parar toda a agua que deveria ser absorvida pelos bons e velhos quintais? Adivinhou de novo... vai ganhar beijinho! A tudo isso, você pode adicionar morros que são deposito de lixo, o que facilita os deslizamentos. Temos os tais meio-lotes onde as casas, ainda que modestas "impermeabilizam" todo o quintal..., Como resultado dessa adição maligna, temos a tais tragédias das enchentes. Se considerarmos o tamanho da irresponsabilidade, com todo respeito a dor de quem perdeu entes queridos nas águas barrentas, ate que saiu baratinho... E assim, vamos. Daqui a uma semana, ou menos, todas as soluções dos técnicos vão ser levadas pelas enxurradas. De tudo, ficarão "verbas consignadas" no orçamento para dragagem dos rios e, entupimento das contas bancarias das grandes empreiteiras... A lama, ficara nas margens a espera de novas enchentes.  A lama das empreiteiras e seus padrinhos, essa, ninguém draga!

Make it a great day!

Bosco

quinta-feira, 1 de abril de 2010

O silêncio dos santos...


Tenho grande admiração pelas pessoas que perseveram, mesmo, sob grandes dificuldades. Entretanto, não tenho nenhum sentimento positivo diante do esforço que Sua “Santidade” faz para manter certa aparência de dignidade, nesta que é uma época de grande significado para a comunidade católica, qual seja, a Páscoa. Não entendo ser, pena/constrangimento, um sentimento positivo. Leio que Bento XVI, na mensagem que dirigiu aos fiéis, pela enésima vez, condena a prática do aborto. Em tempos em que estamos a proteger tigres, ursos polares, baleias e insetos; gasta-se milhões com alimentos e medicamentos para animais de estimação, entendo que devemos, sim, proteger fetos. Coloco argumentos tão rasos, para facilitar, penso, a compreensão de meu arrazoado. Voltando as recomendações de Sua Santidade, seu silêncio a respeito dos milhares de casos de pedofilia envolvendo seus funcionários, é patifaria. A veemência com que Joseph Ratzinger - seu verdadeiro nome -  ataca os métodos não naturais de contracepção e, o aborto, não tem correspondência com a omissão que dedica aos crimes de pedofilia, cometidos por sacerdotes da Instituição religiosa da qual é chefe. Quando penso em certos dogmas católicos como, por exemplo, a Infabilidade Papal, sinto engulhos... Posso garantir que já dediquei razoável parte de meu tempo, tentando entender a coerência da Igreja ao tratar destes e outros assuntos com os quais vive a se meter. Sua longa tolerância para com os padres pedófilos, só tem explicação se visto como método anticoncepcional “natural” e, de trôco, ainda previne indesejáveis e pecaminosos abortos. Engenhosos esses padres, não? Estou aguardando para saber qual é o método utilizado pelas freiras...
Recentemente, vi aqui em Utah, uma belíssima igreja católica de arquitetura “spanish mission”, a venda. Vindo eu de país maciçamente católico, fiquei consternado com o fato. Mais ainda, quando passei novamente pelo local e, lá estava somente o buraco das fundações do que, durante mais de um século, foi uma imponente igreja... Hoje, compreendo e presto homenagem, a visão do responsável pela liquidação do templo. Foi uma premonição. Recomendo a Bento XVI que faça o mesmo com todos os prédios católicos ao redor do planeta e, use os fundos arrecadados para indenizar as milhares de vítimas sabidas e a saber. A Baviera é um lugar, dizem, aprazível. Com certeza, bom local para exilar-se e auto impor-se voto de silêncio, já que Sua Santidade decidiu por calar-se. Que nos poupe de suas hipocrisias calando-se de vez e, entregando o assunto a polícia.
Erradicou-se a praga do comunismo. O capitalismo, teve de ceder terreno a maciça intervenção do estado, mesmo em sua Meca, os EUA. Rússia e EUA, mais uma vez fazem cortes respeitáveis em seus arsenais nucleares. Finalmente, as maiores potências do mundo acordaram quanto as sanções a serem impostas ao Iran, por conta de suas ambições nucleares e, de “varrer” Israel do mapa. Enfim, ainda que desajeitadamente, o mundo tem feito avanços em direção a paz. Se olharmos, com olhos de ver, para as regiões do Planeta onde localizam-se as guerras, iremos constatar que todas elas tem como motivação, diferenças religiosas. Não tenho a menor dúvida ao propor: Por amor a Deus, acabem com as religiões!

segunda-feira, 29 de março de 2010

Imperatriz na UTI !

Certos fatos denunciados pela mídia, boa parte das vezes, requerem informações suplementares, para que possam ser compreendidas com a  necessária clareza. Outras, são de obvieidade chocante, a ponto de causarem insuportável indignação, os tais "rigorosos inquéritos" e "investigações adicionais". É justo que todos possam se defender, não somente por uma questão de prática e exercício de boa Justiça mas porque, acima de tudo, é necessário que o  verdadeiro culpado seja punido. Entretanto, beira a suspeição os exagerados cuidados que se observa quando a denuncia envolve figuras publicas. A Policia Federal tem feito um bom trabalho que, muitas vezes, acaba em nada. Perde-se no cipoal de chicanas espertamente armados por advogados especializados em defender corruptos. Sim, a corrupção tornou-se uma área do direito. É gritante a desproporção Bons Advogados de Defesa X Procuradores do Ministério Publico quando o ramo corrupção é comparado ao ramo criminal. Recente exemplo, foi a atuação do promotor Francisco Cembranelli, que levou a condenação do casal Nardoni. Agora, para nausear o já enojado cidadão, vem ai Fernando Sarney, o administrador dos bens da familia da Fazenda Maranhão. Fernando tem 13 milhões de dólares bloqueados na Suíça, a pedido da Justiça brasileira. A fortuna  não foi declarada a Receita Federal. O caso envolve falsificação de importações para possibilitar remessas de divisas ao exterior e, outras surradas falcatruas. A ausência de punição, encoraja a repetição do golpe, qual velho truque de ilusionista diante de enfadada platéia...
Quase que simultaneamente, também da Fazenda Maranhão, chegam as seguintes noticias (FSP), as quais reproduzo abaixo:

Morre a 16ª criança que esperava UTI no Maranhão.

A carência de vagas de UTI em Imperatriz (636 km de São Luís), segunda maior cidade do Maranhão, extrapolou a possibilidade de ação da Justiça. A avaliação é do juiz Delvan Tavares, da Vara da Infância e Juventude, responsável por várias das decisões que exigiram a transferência de doentes para leitos de terapia intensiva .
A Prefeitura de Imperatriz, o governo estadual e a União já foram confrontados inúmeras vezes pelo Ministério Público sobre a falta de UTIs na cidade. Desde 2006, corre na Justiça Federal uma ação civil pública cujo objetivo é obrigar os três a construírem novos leitos intensivos em Imperatriz. Até hoje, nada saiu do papel.
Para o magistrado, a situação é "muito cômoda" para o município. Como as ordens judiciais determinam que os hospitais privados recebam os pacientes, a prefeitura não se vê obrigada a construir novos leitos.
A questão é complexa, diz o prefeito Sebastião Madeira (PSDB). "Como vamos construir UTI se não temos dinheiro nem para o dia a dia?"

Soa estranho, surrealisticamente cruel,  comparar as frases:
O bloqueio ocorreu quando Fernando tentava enviar recursos da Suíça para Liechtenstein, paraíso fiscal. 
A carência de vagas de UTI em Imperatriz (636 km de São Luís), segunda maior cidade do Maranhão, extrapolou a possibilidade de ação da Justiça.
Suiça, Liechtenstein, Imperatriz, Maranhão... tudo a ver... melancólico.

Pergunto-me quantos "bons políticos"  elegemos em décadas passadas, em eleições que provocaram grande paixão na sociedade? Foram episódios de "mocinho" X "bandidos". Quercia X Maluf, Tancredo X Maluf, Montoro X Maluf, Brizola X Moreira Franco, Lula X Collor e, tantos outros que elegemos com a esperança de que as coisas mudassem. Com raras exceções, a maioria nos decepcionou. É bom lembrar que, desde 1966, o clã Sarney - Murad, Lobao, Ribamar (sim; teve outro), e outros Honoráveis Bandidos -...teve oportunidades de melhorar a vida do "gado" maranhense, que lhes deu o leite com o qual fizeram um belo queijo suíço!!! Às crianças maranhenses, os lençóis de areia a lhes cobrir o corpo inerte...

Bosco

(Foto, capa do livro Honoraveis
Bandidos de Palmerio Doria)

Cacofonias...

Recebi de pessoa amiga, a sugestão abaixo.  O cumprimento - puro favor do amigo - preservo tanto por fidelidade a mensagem original, bem como por vaidade; confesso.

"GOSTO DE COMO ESCREVE, ENTRETANTO, GOSTARIA DE VER UMA COMPOSIÇÃO SUA COMO UM PEQUENO DESAFIO, GASTANDO TODAS AS CACOFONIAS QUE CONSEGUIR IMAGINAR. SERIA ENGRAÇADO. ANEXO MANDO UMA PEQUENA COLEÇÃO DELAS."

Segue abaixo minha resposta e, pedido de desculpas ao amigo, pela involuntária falta a confiança em mim depositada. Aproveito a oportunidade que se apresenta, para estender a todos minhas excusas pela rabugice, mau humor, deselegância e feiúra, males que canalhas da política, de todos os pontos cardeais, só fizeram agravar ao longo do tempo:

"De antemão, obrigado pelo apreço que dedica a meus devaneios sócio/políticos. Quanto a sua sugestão, eu sinceramente lamento não  poder aceitar o desafio. As vezes, acontece de eu ter, assim, ataques de cacofonia mas, são soluços de tempos levados e passados. De tudo, restou a ironia. E, vc sabe; a Ironia é filha da Picardia com o Humor e, prima rebelde da Amargura, essa meretriz (de graça? nenhuma!!!),  de quem ninguém assume a paternidade, quem dirá a maternidade - dizem que é Filha da Luta (perdida) - tantos são os responsáveis por ela... Enfim, vc sabe; é tudo um jeito de passar o tempo, sem capitular. Afinal, daqui, ninguém vai sair vivo (trágicas palavras de um suicida!). Então, o jeito é ir levando... Por favor, não desanime de mim; é possível que dia destes eu venha a sarar. Sou esforçado, acredite... Abraço do amigo, Bosco"