Faz alguns dias que a temperatura não consegue
subir os degraus do termômetro, de modos que tenhamos dela uma visão positiva.
Tem se mantido entre ZERO e 20 negativos
Celsius. A escala Fahrenheit é mais generosa e, estabelece 32 como sendo o
ponto de congelamento da água, ou seja Zero Celsius. Celsius ou
Fahrenheit, tem feito muito frio e, semânticas técnicas a
parte, o termômetro esfrega a realidade em nosso nariz congelado. Lembro
de um livro de Ignacio de Loyola Brandão; Não Verás Pais
Nenhum, onde na, agora longínqua, década de 70 ou
80, ele escrevia a ficção de um mundo sem água,
ambientalmente super-aquecido e, emocionalmente congelado... Sabemos;
muita gente, bem ou mal, escreveu sobre isso, em todo o mundo. Orwell, o
brasileiro J.J.Veiga e, tantos outros... Ninguém acertou, fatalmente. Ninguém errou,
completamente. A vida, a
Natureza, as pessoas, são todas caprichosas e, sensíveis...
detestam generalizações. E, é tão mais fácil generalizar...
Em meio a toda a conversa sobre aquecimento do planeta, li, dias atrás, que
por muito pouco não foi estabelecido um novo recorde de sub-zero
temperaturas, na Antartida. Absurdos -93 graus Celsius! Cheguei a sentir uma onda de calor a
passar, enquanto escrevia sob generosos -8 graus Celsius. Particularmente,
nunca causou-me abalos psicológicos de monta, saber que o planeta poderá aquecer
em 2 graus Celsius, nos próximos 100 anos. As razões para minha tranquilidade, são várias:
sincera e egoisticamente, sei que estarei morto e, os vivos, irão sobreviver
confortavelmente com as novas temperaturas; cansarão menos tendo de
caminhar para uma praia agora mais próxima, graças a elevação das
marés. As casas tomadas pelo mar, terão de ser reconstruídas em
terreno mais elevado e, portanto, mais trabalho para a população. O Polo
Norte, supõe-se, terá derretido e, mais espaços serão abertos para
acomodar os bilhões que Maltus afirmou, um dia, virão para superlotar a
Terra. Espécies desaparecerão, tais como ursos polares e, pernilongos da Patagônia? Paciência... espécies novas
tem sido descobertas aos milhares e, outros milhares já desapareceram
anteriormente... A nossa bela Terra, ignorou a tudo isso, adaptou-se e,
continuou a evoluir, majestosamente, no infinito Éter. A água que
temos é limitada, todos sabemos mas, nenhuma gota, jamais , evaporou
para sempre, na imensidão do espaço sideral...
simplesmente, muda de lugar e, assim, também fazemos nós, humanos,
feito caravanas a cruzar a História e desertos... Assim, arrisco dizer que, não morreremos
de fome ou sede, por falta de alimentos ou água. Mais realistico é dizer
que morreremos por falta de caridade. Não a caridade dos beatos mas,
sim, a caridade que se origina na inteligência. A inteligência que
mostra e demonstra que, se um de nós não estiver bem, todos
fracassamos. A fome que rói o estômago dos miseráveis,
é a mesma fome que apertará o gatilho que destrói a vida
dos abastados... Assim, quem não se preocupa com a fome dos
desprovidos, terá de preocupar-se em como defender o guarda-comidas
do assalto iminente...
Ao mesmo tempo em que a caridade
inteligente é negligenciada, observa-se um sentimentalismo inútil dirigido
a minorias de toda sorte; animais, gays e lésbicas, homens de
diferentes cores, diferentes na sorte ou no azar... Enquanto uns se
preocupam em construir caráteres, outros dão atenção a
satisfazer caráteres, sem se preocupar se são bons ou ruins.
Precisam de um ídolo a quem possam acender suas velas que incensam
sentimentos nobres, ou pobres. Acabam de enterrar Mandela, depois de longa
estadia neste planeta; 95 anos, 27 dos quais, talvez os de maior vigor físico,
gastos dentro de uma prisão que, sequer, tinha um vaso sanitário, substituído este
por uma lata de lixo. Sai de lá este homem falando em união, em perdão ao
hediondo crime de racismo, do qual foi vitima por séculos, ele e seu povo.
Enquanto isso, no mesmo hemisfério, em cidade do mesmo paralelo onde se
localiza a aldeia do grande sul-africano, vem a luz que Lula, nossa tênue sombra
de Mandela tupiniquim, além de assecla de condenados que fizeram
parte de seu governo e partido politico, foi também informante da
ditadura que dizia combater. De onde vem Lula, nossa esperança de
Mandela? Lula é produto, de um lado, dos párias de uma sociedade;
um caldeirão onde fermentam pobreza e, mal-intencionada ignorância.
De outro lado, é tambem, produto do caldeirão onde azedam a
caridade-burra e intelectualidade-inútil, de uma elite canalha. Essa foi a nossa esperança,
por 30 anos, de um Mandela tropical... Deu no que deu; um Macunaima sem
alma. Enquanto tudo isso acontece, por um lado, a dita “galera” encanta-se com os
mais belos bum-bums, os mais belos gols do campeonato, matam-se nas
“arenas”; nome tragicamente correto, tardiamente achado, para nossos “estadios”
que desabam. Por outro lado, a “elite” causa grande alvoroço defendendo beagles,
aplaudindo porcarias que, mesmo em sua terra de origem, foram rechaçadas, não pela
moral; falsa ou verdadeira mas, pela inutilidade da mensagem, diante das
verdadeiras urgências nacionais. Refiro-me e tomo como exemplo o L’inconnu du Lac de Alain Guiraudie
que, como ele próprio se define, é “...um diretor de
grandes filmes e pequenas platéias” e que, eu prefiro entender como filmes para
pequenas e barulhentas platéias... Trata-se de uma trama envolvendo criminoso
que ataca gays que tem como point um certo lago, onde os
limites nao tem importância... Claro, agradou em cheio a comunidade gay e,
causou problemas na liberal Franca com a simples exposição dos
cartazes promocionais do filme... No Brasil, agradou a quase todos; uns pela conveniência,
outros pela alienação total... Não sei da opinião daquele
pastor que tem a cura gay... As opções são estas:
convenientes, alienados ou, radicais falso-moralistas... que saudades de um
Jean Piaget!
Reclama-se muito da falta de
romantismo que assola a humanidade. Já aborreci muita gente com esse
tema em meu blog Damas e Cavalheiros… e, por bons modos, nada
acrescentarei, além de dizer que as ilusões românticas não tem
mais a cor-de-rosa; elas são azuis...