Páginas

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O Apagar das Luzes...

Apagam-se as luzes de Natal. A tradição manda que se espere até o dia 6 de Janeiro, Dia dos Reis Magos, para que os enfeites natalinos sejam retirados. A partir dai, o mundo volta ser mais áspero; os lobisomens retornam em plena luz do dia. Já não precisam disfarçar a selvageria, os instintos primitivos, a sanha voraz com que conduzem os negócios da sobrevivência. Desaparece nas pessoas, a tolerância diante das contrariedades e azares. Tolerância que tem o Dia de Natal como porto de chegada, onde o perdão, a alegria e, a fraternidade, estão a espera de todos; para aliviá-los de suas angústias e dores de toda sorte. Embora não admitam, tem a não confessada esperança de que, daquele dia em diante, a vida será diferente e, melhor. Em um ritual pagão dentro de uma tradição cristã, as pessoas enfeitam uma árvore com bolas de luzes coloridas, pequenos adereços e, mimos. Tudo isso fabricado em países remotos, onde as pessoas pouco ou nada sabem sobre o Patrono da grande festa distante. É comovente tomar as mãos a pequena estátua do menino Jesus e, ler em sua base "Made in China". São as virtudes da globalização.  A noite, as casas brilham envoltas em um halo de paz, irmanadas pela fé comum que depositam em seu Guia espiritual. Reparei que o acender das luzes é, também, uma maneira  que as pessoas encontraram para enviar mensagens umas outras. Mensagens, as mais variadas mas que, no fundo, tem um significado básico para todos: Solidariedade. Traz um certo conforto, um sentimento de tribo, olhar para a casa vizinha e ver as luzes da árvore de Natal a brilhar, tal como a sua. Nas poucas vezes em que demoramos a acender as lampadazinhas de nossa árvore, senti-me um pouco culpado em relação aos vizinhos; como se estivesse a negar meu apoio a uma causa justa e comum... Pensei, mesmo, em continuar a acendê-las todos os dias do ano. Fui convencido de que o gesto poderia ser compreendido como galhofa e, recuei da idéia. Vou sentir falta das luzinhas e, também, das cantigas de Natal. Aqui, as chamam Carols. Particularmente, gosto de Rudolph, the Red Nose Reindeer. Impossível não abaixar a guarda e, não acreditar que esse mundo pode ser melhor, sim... Ao menos durante alguns dias do ano... mantenham-se vivos! O Natal esta logo ali adiante...