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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Um Novo Amor...

Rictor and Shatterstar kiss.
Art by Marco Santucci.
a
                                                                                                                                                                                                                                                                  
Em tempos, dos quais já não resta memória, os homens eram criados por mulheres. E as mulheres amavam seus homens e, estes amavam todas as mulheres. Desde pequeninos, eram todos assim. Tao logo as meninas davam-se conta de serem meninas em vias de serem mulheres, deixavam de lado suas bonecas e seus arremedos de lar e, passavam a cuidar de seu primeiro homem, ao qual chamam, até os dias de hoje, Pai. A ele dedicavam seu primeiro amor; seminal amor de mulher, por ele sentiam as dores dos primeiros ciumes, e  dele, disputavam o primeiro amor, com sua primeira adversaria a qual chamam até os dias de hoje, Mãe. E os homens eram bons e, amavam suas mães, todas as mulheres e a todas as suas mulheres e, a todos os seus homens. Então, um dia, em passado não tao distante, as mulheres decidiram que amariam, também, a todos, sem distinção, a homens e mulheres. Já não podiam mais sobreviver somente com seu próprio amor. Já não podiam dedicar todo seu amor a um só homem e ver este amor ser dividido por entre todas as mulheres e, outros homens, também. Então, as mulheres abandonaram os homens a sua própria sorte e, confundidas, lançaram-se em um caleidoscópio de amores multiformes e multicoloridos. Algumas, fantasiaram-se de homem, debaixo de pouco cabelo, muitos músculos e trejeitos de Neanderthal. Aos homens, orfanados, restaram somente, todos os amores de todas as mulheres que sempre tiveram, menos o de suas mães. As mães, órfãs de seus filhos e de seu homem, restou amar a todos eles, em insana busca pelo homem perdido e que, um dia, foi só seu. Exaustas e desesperançadas pela ausência que persiste, refugiam-se em andróginos amores e, escandalizam a um mundo que, em um misto de sanha e perplexidade, assiste a beijos e caricias deslocadamente, tresloucadamente, trocados entre amantes de oficio. Neste emaranhado louco, onde os amores e amantes não tem mais pouso nem guarida, uma cascata de sentimentos confusos despencou sem volta, vida abaixo e, dela começam a surgir os novos homens, agora, muitas vezes, gerados pelos próprios homens em corpos que não são seus... As mulheres, na ausência de seus homens abandonados ou, que se foram para outros sentimentos, juntam-se para criar filhos de homens que não são delas, dividindo em um arremedo de lar as funções de pai e mãe. Da mesma forma, homens se juntam para criar filhos que são seus, feitos por outras mulheres ou, em centauro desespero, filhos gerados em seu próprio corpo, lá inseridos a força de ferramentas. É neste cenário, sem tempo para entender, que leio e ouço, atirada ao descaso, frase tão vazia quanto aos balões das lojas de departamentos onde escreveu-se: Happy Valentine Day!




A você, que tem um amor de verdade ou, ao menos acredita, com a inocência de uma criança, ser um amor de verdade, Happy Valentine Day!