Páginas

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Ateu, graças a Deus?

Duas pessoas, importantes para mim, escreveram-me informando que eu sou ateu. Eu não tinha reparado nisso antes e, somente nesta semana percebi  que tenho - erradamente - induzido as pessoas a entenderem que não creio em Deus. Não que eu tenha a pretensão de achar que isso preocupe rebanhos e pastores, fiéis e infiéis mas - numa prova cabal de minha fé no Senhor - conseguí  ao longo dessa vida, arregimentar um certo número de pessoas que, se não são muitas, me são importantes. Para estas, escrevo. Estou ansioso para explicar, permitam-me, que creio em Deus, sim. Faz muito tempo que tomei emprestado - e nunca devolvi  - um pensamento de Einstein que, ajudou-me grandemente a explicar meu voto em Deus. Não é nenhum pensamento desconhecido das pessoas e, foi constantemente divulgado, aparecendo em diversas publicações, desde almanaques de fazendeiros, que as farmácias davam como brinde e vinham junto com remédios populares, passando pelo O Malho, Pasquim, pixações em paredes da cidade e, agora, com toda certeza, aparece nesse muro sem fim de sabedoria popular, ou não, a que chamamos Google. Einstein disse que - reproduzo como posso - não acreditava em um deus que pune as pessoas em um complicado sistema de prêmios e castigos mas, sim, em um Deus que se manifesta no inacreditável e divino ordenamento das coisas do Universo. É, exatamente, nesse Deus em que acredito. Anos mais tarde descobri que Einstein, também ele, havia tomado o pensamento emprestado a um outro judeu igualmente inteligente, Baruch Spinoza. Valia-se, então, Einstein, da sabedoria de Spinoza para defender-se de rabinos que, rábiamente, o atacavam, mais ou menos como em uma versão judia da Santa Inquisição. Mais tarde ainda, eu próprio reduzi para a minha capacidade de entendimento, a sabedoria lançada a luz pelos dois sábios judeus: Comecei a perguntar-me do porque de certas "injustiças" divinas. Preocupações comezinhas, tais como: Porque será, e como será, que Deus escolhe entre ouvir as preces da mãe de um soldado e, não a de outro? É possível complicar a pergunta a "n" possibilidades, como por exemplo: E, porque Ele ouviu a prece de uma boa mãe para salvar um soldado ruim, e não ouviu a prece de uma mãe ruim para salvar um soldado bom? A questão fica definitivamente confusa, quando mães e soldados são todos bons e, somente um deles é escolhido para morrer... Porque deixou o Barcelona ganhar do Santos, perdendo a oportunidade de dar uma lição de humildade ao mundo, fazendo com que o proletário time do alvinegro praiano ganhasse do milionário time do Barcelona? Há um mar de amargas humanas lágrimas, quando a situação envolve crianças. Ai sim, Deus excede em maldades; coisa de - possível fosse- matar o mais abominável dos demônios de inveja! Claro, tudo isso é uma brincadeira, acalmem-se fiéis. Tenho absoluta certeza de que Deus não cuida de paixões humanas. Os gregos inventaram um deus para cada uma delas mas, as paixões humanas evoluíram e, seus deuses não lhes valeram. Em último cavalo de Tróia, os empurraram para os romanos. E, vale-lhes muito menos ainda agora, diante da monumental crise do Euro; não resisto a ironia. Esses deuses, filhos de nossas paixões, vivemos a criá-los em nosso dia-a-dia, ao sabor de nossa convenienciadisposição ou, simples preguiça. Diga uma palavra errada a uma pessoa e, você criará  um demônio. Essa mesma pessoa, no minuto seguinte, sob o efeito da palavra certa a ela dirigida por um outro alguem, se tornará  um anjo. É assim que criamos satãs e deidades e os deixamos a perambular pelas ruas das cidades.  Um dia, ensandecidos, transformam nossas vidas em inferno. E, ai, pedimos que Deus nos socorra. Valho me do velho e bom Einstein para repetir: tudo é relativo. Deus, com "D" maiúsculo, não é relativo. É absoluto. Enxergar o absoluto, não é tarefa simples.
Então, repito: não sou ateu e nem tampouco agnóstico. Sou, sim, decididamente, contra toda e qualquer religião. Deus, com "D" maiúsculo, une. As religiões, separam, dividem, as pessoas. Sou visceralmente contra livros que definem povos escolhidos de, não escolhidos. Deus não escolhe ninguém, visto que tudo e todos são parte Dele. Como pode você odiar a si próprio; escolher partes de seu "corpo" em detrimento de outras? Deus tem sido, desde sempre, reduzido a "deuses", pelas religiões. Um deus vingativo, que incute medo, que toma partidos, que julga e pune. Não é assim. Deus é  bem mais esperto do que isso. Para essas pequenas tarefas de "punir" e "premiar", criou um sistema de escolhas & consequencias e, deixou-nos livres; posto que a liberdade é o maior bem que uma vida tem. Não é necessário que nenhum homem intermedie seu relacionamento com Deus. Não precisamos de papas, rabis, imans, aiatolás, pais-de-santo, santos, nada... Não precisamos de ídolos; Elvis, Lennon, Marley, Satia Sai Baba, ninguém... Não precisamos de grandiosos templos, estas ridículas bajulações de concreto e mármore, onde se reunem pessoas para entrar em contato com Deus, como fosse esse um trouxa qualquer que pudesse ser engambelado com pobres ou ricas oferendas, isso sim, um verdadeiro conto-do-vigário aplicado contra o coitado do Supremo (não o Federal; que ali não há otários)... Por tudo isso, repito, tenho aversão a religiões e, entendo que são elas o último grande atraso a ser sobrepujado. E, será. Com a ajuda de Deus...