Páginas

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Saudades sem fim...

Fala-se muito de saudades. Há um certo orgulho nacional por - dizem - ser a palavra intraduzivel. Meu conhecimento de idiomas é reduzido e, não ouso concordar ou discordar. Mais reduzida ainda, é a minha sensibilidade para arriscar dizer que, as saudades brasileiras sao melhores do que as australianas ou finlandesas ou, mesmo a dos portugueses, povo que sofre muito de saudades. Houve um tempo em que eu sentia muita saudades. Saudades de muitas coisas e, de algumas pessoas. Doses maciças de Realidade, sim; Realidade é o melhor remédio contra as dores das saudades, curaram-me desse "mal". Hoje, devo confessar que sinto falta de certas coisas. Sentir falta, não é ter saudades. Saudades, é puramente emocional. A falta que se sente de certas coisas, é racional e, para isso há remédio. A falta que se sente de alguém, não tem pausa e nem cura. A saudades de alguém, pode não ter cura mas, é intermitente. Uma certa presença, um certo lugar, ou ambos, são paliativos para uma saudades mas, nunca para uma ausência. Se você sofre de saudades e, se isto lhe incomoda, trate-se com Realidade. Mas, sublinho: Somente se lhe incomoda. Sim, porque há saudades das quais não queremos nos curar nunca. Conservamo-la e a cultivamos com desvelado cuidado. A essas, recomendo muita solidão e melancolia. Evite dias ensolarados, desses primaveris nos quais pássaros vagabundos e irresponsáveis trinam como se o mundo pudesse ser bom e, crianças alienadas brincam felizes sob o amoroso olhar de suas mães, nos parques das cidades. Entrincheire-se em um covil sombrio e mal-cheiroso, lendo poemas de despedida e perdas.Verá você que seu jardim de saudades irá florescer viçoso de causar inveja a qualquer poeta parnasiano. Agora, supondo-se que você queira se livrar de alguma renitente saudade, recomendo ao amigo e amiga que submeta-se a rigoroso tratamento com Realidade. É infalível. Um certo lugar? O mundo esta repleto de lugares belos e, pensando bem, aquele lugar não era tão bonito assim... Aquela pessoa? Pense nela em seus piores momentos. Tinha mau-hálito? Produzia ruídos? Não é possível que, miserável, não tivesse um defeito; um único que fosse. Pois bem; identifique-o e concentre-se nele. Um defeito, ainda que pequeno, só iria agravar-se ao longo do tempo... Viu do que se livrou você? Entretanto, se a perda é mesmo irreparável, que essas existem, console-se pensando que nada é para sempre; nem mesmo as perdas. Em algum lugar, desta vez belo e sem defeito algum, você irá reencontrar quem lhe faz tanta falta. Aquele companheiro de conversa inigualável regada a pinga velha e mansa, naquela antiga "vendinha" em meio a temporal brabo, na curva da estrada de terra que desaparece sem fim entre montanhas, até o grande e verdadeiro amor de sua vida, aquele que tinha o poder de lhe fazer acreditar que a vida é sempre bela, a Realidade lhe mostrará que estão todos a esperar por você, para sempre, como sempre foi, logo ali adiante, a pouco tempo de distancia...

Nenhum comentário: