Avolumam-se as
queixas por conta da suposta falta de romantismo dos homens e, francamente,
isso tem me causado inquietação e tristeza. Aparecem na forma de correntes de
e-mails, em canções de Sir Elton John e Gretchen, boleros de Lindomar Castilho,
insultos psicografados das Mamonas Assassinas, piadas infelizes, anotações em
banheiros de padarias e, mesmo, em versinhos ruins, covardemente atribuídos a
Shakespeare. Todos, sem exceção, clamam pela valorização da mulher...De há
muito que se foram os cavalheiros; difícil negar o fato. Mas, ainda que os
trouxéssemos de volta, onde estão as damas; para onde se foram estas? De certo,
tomaram destinos diferentes e, agora, estão a buscar-se uns aos outros,
chorosos pela perda de um tempo que não voltará, jamais...
Não há uma
resposta fácil para uma pegunta difícil de formular. São vários os componentes
que levaram a extinção das damas e seus cavalheiros. A ansiedade de sexo, os
relacionamentos fugazes, a flexibilidade dos caracteres, os contatos virtuais,
a ditadura das aparências; tudo isso e, muito mais, mataram e sepultaram um
ritual a que os antigos autores românticos chamavam de "corte". Sim,
houve um tempo em que os homens, cortejavam as mulheres; as damas.Não assisti o casamento do príncipe inglês William, com Catherine
Elizabeth Middleton e, exatamente por não ter assistido, gostei muito. Explico:
Não assisto por medo de ver algum fato, uma gafe imperdoável, um grave deslize,
que possa trincar essa pequena ilusão que, ainda, conservo. Tenho grande entusiasmo
por cerimonias matrimoniais que envolvam a nobreza; príncipes e condessas,
ainda que estes venham a se tornar reis sem nenhum poder político ou que,
morram, anônimos, de preferência felizes para sempre, em algum castelo de frias
e duras pedras, caçando raposas em algum lugar da Inglaterra. E, é justamente
ai, na inofensividade politica, que esta o segredo do poder e da longevidade da
monarquia inglesa e, seus casamentos monumentais com carruagens, damas e
cavalheiros, que só sobrevivem em livros de Hans Christian Andersen e, no Reino
Unido!Li que, a primeira frase que William,
cavalheirescamente, dirigiu a sua dama foi: Você esta linda! Kate não precisou
provar nenhum sapatinho de cristal, para tornar-se condessa, duquesa, baronesa
e, todas essas honrarias nobiliárquicas que, cada vez mais, ficam reduzidas ao
Império Britânico e aos livros de Contos de Fadas. Bastou ser dama... Talvez a
última, com exceção as do baralho... Assistir a esses antigos e complicados
ritos matrimôniais ingleses, deve ser o preço que teremos de pagar para manter
viva uma encenação de um gesto bonito que, um dia, foi real. Um grito,
estranho, primitivo e, incompreensível, a clamar pela volta do Amor, é tudo que
restou no coração das Damas e Cavalheiros de outrora, hoje homens e mulheres
inseridos em cruéis armaduras, a lutar por títulos, não mais de nobreza, mas
dos mercados e, das bolsas, onde todos os valores se perdem...