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terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Mentira... foi tudo mentira...

O julgamento do mensalão, acabou. Li uma resenha a respeito, feita pelo Estadão. O que ali está, são os fatos apontados, comprovados, julgados, condenados e apenados. Estarrece, não somente o ocorrido - os empréstimos falsos endossados por bancos, o desvio de dinheiro público, a organização criminosa capaz de fazer inveja ao PCC - mas, também, agora, a desfaçatez dos condenados e de um certo Maia, presidente da Câmara (ou camarilha?), ao afrontarem as decisões do STF. Rebeldia impensável em uma democracia. O julgamento foi transparente, correto e, todos tiveram a oportunidade de acusar e, de defender. Decisão de tribunal, se não couber mais apelação - o que é o caso - cumpre-se e, ponto. O bem que tem essa rebeldia, é que esta confirma o mau caratismo, o espírito de bandidagem, o completo desdém pela Justiça, entre outras malignidades que norteiam as ações desses criminosos. Aceitassem, disciplinadamente, a decisão de um dos poderes da Republica, e teriam feito o mínimo para não aumentar a indignidade que os cobre.

No rastro dessa imundície, esse Valério tombou o latão da podre e gosmenta matéria onde esses crimes fermentam, na direção do caudilho-mor. São fatos ainda não provados mas, de evidências graves. Segundo os indícios, Celso Daniel morreu e não merece lamentos e, tampouco saudades. Teria descoberto que o resultado de seus roubos, estavam sendo furtados por um outro bandido de sua própria quadrilha, o tal Sombra e, por isso, foi "deletado". Em outra acusação estarrecedora, Okamoto teria trazido recado do caudilho-mor, a ele, Valério, de que, se batesse com a língua nos dentes, seria "apagado"... e, por ai vai, com direito a amante traficante de influências com gabinete no prédio do Banco do Brasil, nos Jardins e, tudo o que mais se sabe... Está lá, na Veja. Os acusados, limitam-se a pedir provas. Qualquer cidadão acusado de crimes dessa gravidade, se inocente, não só exigiria provas mas, processaria a revista e os jornail, por calúnia.

Em ato seguinte, leio e vejo que a seca em Pernambuco nos trouxe imagens as quais eu nunca mais pensei ver, desde o velho Geografia da Fome do "terrorista" Josué de Castro... Retirantes, gado morto espalhado pelo que, a pouco tempo atrás, era um pasto... casebres de pau-a-pique, dentro dos quais se vê melhor o exterior do que se se estivesse do lado de fora destes... uma criança com uma caneca na mão, procurando o que não existe... uma mãe com uma criança recém-nascida no colo e, ali, aquele homem humilhado; vencido pela miséria, tentando mostrar uma força fisica espremida entre pele e ossos... tem a fala dura, curta, seca... tão seca quanto a paisagem desgraçada que circunda o casebre miserável. O velho Chico continua a correr no mesmo leito por onde vem se arrastando a milênios. Faltam 60% das obras, para que cheguem ao sertão que espera, as águas desviadas... O único desvio rápido - aposto e ganho - foi o do dinheiro público para cofres privados.
Enquanto isso, a presidenta mal-educada, fecha a cara para o digno juiz Barbosa. Este, enfrenta com comovedora dignidade e rara determinação essa quadrilha e bando, aos quais se aliam pares do próprio Barbosa com manobras patifes, tergiversações, e chicanas jurídicas a fim de desviar pelos complicados escaninhos da Justiça,  a sentença justa e reparadora.  Em doce exílio, o caudilho-mor repete a eterna cantilena: "É mentira... é tudo mentira". Assim como o é, o PT... uma enorme e custosa mentira...

domingo, 2 de dezembro de 2012

Os Impostos da Morte


Na quinta-feira passada, em um desses tantos perigosos semáforos de São Paulo, um casal teve suas vidas paradas para sempre no vermelho, não da luz, mas do sangue que passou, agora, a circular no asfalto. A imagem dos corpos estirados na rua, acondicionados em sacos plásticos, era mais uma fotografia de como o Estado encara o cidadão ao qual deveria proteger: lixo, valor nenhum. A cada morte que passa nesse cortejo fúnebre que parece não ter fim; ao contrário, só faz aumentar, a vida torna-se, cada vez mais, artigo banal.
Os mortos nesse episódio, pertencem a família de uma pessoa conhecida. Pude testemunhar a dor externada nas palavras dessa pessoa, nunca suficientes para descrever o que realmente esta a acometer a família. Um misto de desespero, humilhação, impotência, prostração... Lista infindável de palavras não seria suficiente para descrever o matiz de cores negativas que permeiam os sentimentos de perda de entes queridos em circunstâncias tao absurdas. Para quem não soube da noticia, resumirei: Namorada da ao namorado motocicleta de mais R$ 50.000,00. No dia seguinte ao presente, saem para passear, param em um semáforo e, são abordados por dois assaltantes em uma outra motocicleta. Aparentemente, o casal tentou fugir. Baleado nas costas, o rapaz perde a direção e bate contra um carro. Os assaltantes param ao lado das vitimas e, disparam mais três tiros em cada um, matando-os.
Aqui, a acusação que faço: Segundo a polícia, a motocicleta era o objetivo dos assaltantes. O custo real dessa moto não ultrapassa, exagerando, R$ 30.000.00. A carga de impostos que eleva o valor de uma simples motocicleta a níveis absurdamente irreais, atiça a cobiça dos assaltantes, colocando em risco a vida dos cidadãos. Pessoas tem sido mortas simplesmente por causa de tênis de marcas fashion, relógios e, outras quinquilharias, cujos valores foram artificialmente aumentados por impostos canalhamente altos.
O Estado tem se mostrado de uma incompetência odiosa em sua tarefa de proteger o cidadão. Além de não defende-lo de criminosos, facilita a ação destes, desarmando e proibindo pessoas honestas de portarem armas. Também, paga mal aos policiais, obrigando estes a conviverem com bandidos de toda sorte em imundas favelas onde acabam fazendo parte de quadrilhas ou esquadrões da morte; tudo para poder complementar um salário miserável. Enfim, o Estado fica ao lado dos bandidos nessa guerra civil que consome centenas de vidas a cada mês na cidade de São Paulo (mais de 200 em novembro passado). Em uma trincheira estão malfeitores e policiais (honestos e corruptos); todos armados. Em trincheira nenhuma, exposto, fica o indefeso e desarmado cidadão que trabalha para sustentar a todos: bandidos, políticos e policiais; honestos e desonestos... Infeliz daquele que é assaltado, seja pelo fisco ou pelos bandidos, e nada tem a oferecer. Ironicamente, lembra a Caronte, personagem da bela mitologia grega, barqueiro que cobrava 6 dracmas para atravessar as almas no rio Styx. A família do morto, prudentemente, colocava as moedas na boca do falecido, para que Caronte não o abandonasse a vagar nas tristes margens do rio... A diferença em relação ao que acontece nos dias de hoje, está no fato de que Caronte, uma vez pago, fazia seu serviço. O Estado nos atira; abandona a morte, paguemos, ou não, os malditos impostos. Nunca foi tão verdade o ditado de que, para quem está vivo, só há duas certezas: impostos e morte....