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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Fotos e Retratos...


Outro dia, li alguem reclamando de que há muita fotografia no mundo. Isso é certo; não há como negar. Antes, era necessário pagar pelos filmes e, pela revelação das fotos e, as pessoas tinham de ser cuidadosas com o que fotografavam e, com o bolso. Podiam ficar sem filmes e, sem dinheiro. Hoje, no máximo, ficam sem baterias ou pilhas... Tudo isso, leva a esse oceano de imagens no qual estamos mergulhados e, felizes. Sempre gostei de fotografias, desde que não me retratem. Além disso, convivo com uma pessoa que tem por hobby, fotografar. Minha participação é suburbana e anônima. Assemelho-me a aquele sujeito que carrega os tacos para o golfista. Sei que estou sendo pretensioso ao comparar-me ao caddy e, sim; admito, não passo de um simples motorista que dirige a fotógrafa a locais onde esta da vazão a sua sensibilidade e, a energia acumulada na ponta do dedo.  As vezes, descuido e, arrisco um palpite, em geral, infeliz. Recebo a costumeira admoestação... humilde e contente, recolho-me ao meu lugar de coadjuvante.

A foto digital, aceito, tem vantagens enormes e definitivas em relação a fotos feitas a partir de filmes. Entretanto, nada é perfeito e, arrisco apontar algumas possíveis perdas. Ver uma foto na tela, não traz o mesmo sentimento que um velho retrato transmite a quem o segura nas mãos. Fotos digitais não podem ser guardadas em caixas de sapatos, e la, envelhecerem, e adquirirem alma. Não serao admiradas pela familia em dias chuvosos e natais; nem distrairão as visitas enquanto estas saboreiam um cafezinho e, falam de passado e pessoas distantes." Quem terá escrito isso? Sera que foi a vó? Olha que letra bonita... Naquele tempo se escrevia afecto...". Antigamente, as pessoas faziam retratos que mostravam a família, o bebe que engatinhava ou que, já conseguia permanecer em pé e, os enviavam para avós, pais e familiares. Escreviam no verso dedicatórias, fatos engraçados sobre o fotografado ou, mesmo, queixas sobre prolongadas ausências. Davam voz a criança, certos de que a mensagem causaria emoção no faltoso. Nem sempre isso funcionava. As grandes distâncias, as impossibilidades físicas e de alma, a "falta de leitura" - eufemismo para denominar analfabetos - tudo conspirava para que a lamuriosa foto, recebesse não mais que um simples suspiro e, fosse guardada na gaveta de alguma escura cristaleira, dentro do envelope que a carregou por longos caminhos. Os namorados de outrora, trocavam fotos com dedicatórias e, a levavam consigo, junto a dinheiro e documentos. É verdade que em relacionamentos desafortunados, as fotos causavam grande prejuízo, não a carteira mas, ao portador. Chico Buarque achou barato perder 20 cruzeiros para o ladrão que prestou-lhe o favor de levar a carteira de dinheiro onde estava o retrato da amada que o infelicitava. Também, tirava-se fotografia das pessoas mortas, quando estas eram veladas na sala de visitas das casas... A perda, era assim, registrada e prolongada até o ultimo suspiro dos sobreviventes; algo que se pode chamar de culto aos mortos e, a dor. Sempre houve desgosto para tudo...

Digitais ou de filmes, a fotografia é uma arte. Representa a busca sem fim e inútil de eternizar a realidade, boa ou ruim, no papel ou nas telas. Uma ilusão que estará sempre a mão. Penso que as melhores e piores fotos, são aquelas que ficam impressas na alma... para sempre. Sorria!

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