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quinta-feira, 6 de março de 2014

Os Reis Alienados...

Há na história recente do Brasil, reais personagens, de maior, menor, ou nenhum lustro, cuja extraordinária imunidade as vicissitudes que acometem a maioria plebéia, desafia explicações freudianas, maquiavélicas e, divinas... Essas pessoas tem em comum a refinada habilidade de não permitir que as misérias cotidianas os distraiam da busca do objetivo ao qual se lançaram com obstinada determinação. Assim, incólumes, soberanos, navegam acima das enfurecidas ondas que engolfam e desgraçam a Nação. Não há imagem triste, visão dolorosa, ou apelo desesperado que os sensibilizem. Inabaláveis, seguem adiante em seu propósito de oferecer, cada qual com suas artes e ilusões, um horizonte, sempre imaginário e inatingível, aos que para eles se voltam em busca de alguma distração e refrigério para as dores e contrariedades da vida ordinária a qual estão irremediavelmente condenados.

Enquanto escrevo, penso em nossos Reis e, suas desalmadas frases ou, angustiantes silêncios. Rei Pelé, recomendou ao povo que não atrapalhasse com seus queixumes e desatinados atos de protesto, a monumental festa mundial do futebol. Rei Naldo, explicou que não se joga futebol em hospitais. O povo que lamba lá suas perebas mas, não lhe estrague os negócios e, as pretensões de entrar para a cartolagem mundial. Rei Roberto, majestosamente ignorou os reclamos dos que pediam mais emoções diante da desesperadora situação que viveram seus conterrâneos, assolados por dilúvios bíblicos em sua terra natal... Rei Nan, Cavalheiros, olimpicamente ignorou o asco que provoca sua velhaca presenca na Casa Alta e segue, inatingivel, seu destino alagoano.

Estariam errados os nossos déspostas? Ou, teriam eles perfeita certeza e clara visão da inevitabilidade de exatas leis que regem a miserabilidade e glórias humanas? Cientes desse inexorável e fatal destino dos homens, dedicam-se a busca da perfeição na arte escolhida, sem os tormentos de consciência que assaltam o vulgo das gentes e atrasam suas vidas para sempre, reduzindo todos a um exército de pobres diabos a aplaudir frenéticamente seus Reis e algozes...

A massa amorfa e ignara, resta apenas um consolo nesse jogo de poder e perder: Com seus aplausos ou escárnios, votos omissos ou nulificantes, elege o rei, rainha e, algozes de plantão. Como exemplo recente, registre-se o ostracismo, quase desaparecimento do gordo Rei Momo, outrora figura primeira de nossos carnavais... Uma nova linha estética e ética, o substituiu por faunos esvoaçantes e nuas mulheres a disputar entre si, a atenção do público. O rei esta morto! Viva o Rei!

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