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sábado, 14 de maio de 2011

Pedido de Ajuda...

Velho amigo, pede-me ajuda em situação verdadeiramente complicada. Sua carta e, minha resposta:





"Recorro a você para pedir conselho num dilema muito sério.

Eu tenho uma namorada que eu amo intensamente e quero casar com ela. O meu problema tem a ver com a minha família, eu tenho receio que a minha gata não se identifique e isso gere conflitos no nosso relacionamento.

Papai é chefe do tráfico e tem atuação muito forte no PT aqui no Rio. Ele conheceu a minha mãe numa casa de tolerância e conseguiu tirá-la dessa vida. Hoje ela tem sua própria zona com mais de duzentas mulheres e homens, e não precisa mais exercer esse trabalho pessoalmente, só de vez em quando pra se manter sempre por dentro das tendências do mercado.

Tenho três irmãos e duas irmãs que eu conheço pessoalmente, provavelmente haverao mais que eu nao conheço. O mais velho é Deputado. O segundo tinha problema, mas mudou muito de vida depois que cumpriu a pena por sequestro e estupro e hoje é bispo da Igreja Universal , já ressuscitou mais de catorze mortos e curou mais de 3.000 aidéticos e vive bem com a graça de Deus com suas quatro esposas em Jurerê Internacional. 

Meu terceiro irmão abandonou a milícia que ele comandava no Complexo do Alemão, se arrependeu dos presuntos que ele tem no currículo, saiu do armário faz uns oito meses e hoje é travesti e trabalha na rua do Jóquei em São Paulo, mas ele faz só ativo. Apesar de ter virado a casaca e largado o Mengão pra virar curintiano por causa do Ronaldo, ele é um menino bom e não causa preocupação na família. A gente vê que ele tá bem encaminhado. 

A minha irmã mais velha casou com o avô da ex-namorada dela, que está em estado vegetativo por causa de um derrame que ele teve quando o bicho pegou na época do mensalão. Ela abriu sua própria empresa em parceria com um sindicato, um despachante e um cartório, e hoje vende autopeças procedentes de veículos desaparecidos de outros Estados. E a minha irmã caçulinha trabalha de dia como atriz nas Brasileirinhas e de noite ajuda a mamãe, só que ainda na fase do atendimento direto ao cliente, pra poder pegar o know-how do negócio a partir da base.

Bom, a minha pergunta é a seguinte: Minha namorada sabe de tudo isso, com excessao de um fato, pelo qual eu temo sua reaçao.

Você acha que eu devo revelar de uma vez ou ir revelando pouco a pouco pra minha namorada que eu tenho um irmão Deputado? Morro de medo que isso seja chocante de mais...

Pois é Bosco, agradeço sua resposta que, tenho certeza servirá para orientar-me da melhor forma possivel.

Por favor, encaminhe a resposta para o Centro de Meditação Bangu II."

Segue minha considerada resposta ao amigo:


Prezado, seu caso é, mesmo, de difícil solução. Espero que não desanime mas, sim que, persevere. Afinal, você tem uma ótima família a seu lado e,  desvios, ainda que graves como é o caso de seu irmão, são compreensiveis; devemos aceitá-los e, ir adiante. É o que o Brasil tem feito em casos assim, desde sempre. Alguns chamam de impunidade. Eu prefiro entender como insofismável prova de tolerância. A apoiar o que digo e, também para ajudá-lo na desigual peleja na qual você está envolvido, envio-lhe os seguintes fatos para que vc tente comover sua noiva a ingressar nessa honrada família:

- Atualmente, 513 outros grupamentos brasileiros (eram famílias), sofrem o mesmo dano moral, e vivem bem, sem apresentar nenhum dano psicológico estrutural, afora a desconfiança de que são vitimas, natural em atividades que requeiram idoneidade, como bingos, jogos de domino, divisão de despesas em restaurantes e convescotes, ou doações a igreja quando estas requerem que o doador enfie a mão na sacolinha do sacristão e, outras atividades menores, de difícil classificação. Devo registrar, sim, que, as vezes, ateiam fogo em índios e mendigos e, metem-se em desinteligências em ambientes públicos, principalmente com outros freqüentadores de restaurantes, ocasião em que se poem a chutar portas de automóveis; enfim, tornam-se agressivos mas, isto são fatos menores e, não tem importância decisiva em nossa análise.

- A cada 4 anos, essa desgraça se abate sobre outras famílias. Contando-se os delinqüentes ativos, os inativos - assim feitos por ultrapassarem os limites de canalhice aceitáveis (e olhe que o Brasil tem fronteiras quase que inatingíveis, quando se trata de canalhice no trato da, assim chamada, "coisa pública") - a descendência dos mortos e desaparecidos, os de exílio voluntário e confortável, e os que resolveram por delinquir em outras denominações como a senancia, burgomestrias, pretorias e, todos os assemelhados que, de uma forma ou de outra, vivem do erário publico sem prestar os serviços pelos quais são nababescamente pagos; tudo somado, meu caro amigo, restarão poucas pessoas no pais que possam vir a causar constrangimento a sua eleita.

- A vergonha não se resume ao cargo ocupado por seu irmão mais velho. Atinge da mesma maneira e, com igual gravidade, a qualquer cidadão que venture nos pantanais da politica.

- Por último, procure, com paciência e determinação, convencer a seu irmão mais velho a arrefecer, diluir a má imagem que ora envergonha sua decente família, defendendo causas de indubitável utilidade publica. A título de colaboração mas, não limitado a estas, cito a defesa do direito ao aborto de maneira irrestrita. Um filão que seu nobre irmão pode explorar e, no qual será pioneiro: O direito de gays ao aborto! Sim, porque não demorará e teremos homossexuais do sexo masculino gerando filhos involuntários, provenientes de simples descuidos a estupros. A estes, seu irmão poderá garantir o direito de aborto, custeado pela "viúva", claro! Não precisa dizer que a idéia não é dele, embora esse cuidado ético seja desnecessário, tratando-se de seu irmão e do cargo que ora esta a ocupar, pelo que me desculpo. Poderá também, defender a abertura de "casas de massagem" zoofilicas. Afinal, os animais também são seres humanos, como bem sentenciou um colega (de seu irmão), ex-ministro. Enfim, as possibilidades são quase que infinitas e, tenho certeza, seu irmão poderá contar com ampla assessoria e suporte a explorá-las. É assim que o Brasil vence e avança. Seja incisivo e, de um xeque mate nas dúvidas que corrompem sua noiva: Se não me ama, ao menos ame o Brasil mas, não me deixe! Case comigo pelo bem da Nação e, assim garantiremos a construção da casa de moças na qual está a se tornar o pais!

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