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terça-feira, 5 de junho de 2012

A sua ausência...

Peguei-me revirando algumas lembranças suas; nossas, perdidas entre a minha memória e meu coração ... Recordei-me de quando você marcava o compasso de minhas horas. Os 5 dias da semana chamados "úteis", serviam somente para separar você de mim e intercalar os sabados e os domingos. Assim, estes dias existiam somente para esperar o momento de lhe rever, de lhe falar e de lhe ouvir... E como falávamos... e como nos ouvíamos! Seu perfume, nunca mais encontrei, mesmo nas mais finas perfumarias, posto que era uma mistura do exalar de sua pele e de minha imaginação... Assim, entre cheiros e sensaçoes, vivíamos um Universo bem maior do que o que sobre nós pairava... Não importava a chuva, o frio ou, o calor... Todos eles e, cada um deles, simplesmente trazia uma forma nova de lhe sentir, de lhe ver, de seduzir... Era tão  doce, puro carinho, abrigar-me debaixo de sua sempre presente sombrinha e, caminhar, sem se importar para onde... Hoje, lembro bem; você parecia uma daquelas meninas das mágicas praias da Califórnia, dos festivais de rock, da geração  beatnik, com o vestidinho de um colorido feliz; feliz certamente por poder apertar seu corpinho...  Tudo em você me encantava e eu, tudo fazia para lhe encantar... Usava o cabelo a Caetano Veloso exilado em Londres; longo e partido ao meio, adorava Tropicália, era magro como Caetano e, tentava fumar a la Bogart, crente em que, se havia funcionado com Ingrid, porque não com você? Funcionou. Não por causa do cigarro mas, apesar dele... Foram anos mágicos, de incríveis realizaçoes, inesquecíveis, um tesouro que guardo em mim. E, muitas mágicas fizemos; você, alem de mágica, fez milagres... Aconteceu de lhe perder em meio a ventos malignos que sopraram altas e espessas nuvens de ilusão... Reencontramo-nos; sobrevivemo-nos; ressuscitamo-nos... Atravessamos lodaçais de mágoas, prantos, tristezas e desilusões, movidos pela ânima que nunca morre quando esta habita um sentimento verdadeiro. Encontramos do outro lado a nós mesmos, serenamente felizes por rever a  metade querida que se supunha extraviada para sempre... A realidade maior é que, nunca, em nenhum momento, deixamos de conviver naquele Universo perfeito, de ideias fantásticas e sonhos sem despertar, tornados realidade na fé inabalável de que o amor permeia o consciente e o inconsciente, a razão e a ilusão, a lógica e a intuição . Quando o andar foi descompassado incerto e vacilante, valeu-nos a bússola cuja agulha move-se ao sabor dos sentimentos sinceros e impermeáveis as miragens de ocasião... Bom estar com você; muito ruim a presença de sua ausência... Não demore, viu?

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