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segunda-feira, 30 de abril de 2012

No surf for you...


Perdida na desolada imensidão do deserto que liga Utah a Nevada, estão as ruínas de Iosepa. O exato nome da região onde situou-se a povoação, é Skull Valley, nome que encerra triste mas, inútil advertência. Restam hoje, somente os mortos de um velho cemitério, guardado pelo busto de um guerreiro polinésio que parece mirar Maui, a lembrar o que foi, um dia, no distante ano de 1889, o inicio de um sonho místico-religioso. Estão lá  enterradas, algumas dezenas de mortos, silenciosamente marcando o local onde se desenrolou a saga dos 200 e tantos nativos das ilhas do Pacifico sul que para ali vieram. Eram os polinésios, em sua maioria havaianos que, convertidos por missionários mormons, trocaram suas  ilhas do Pacifico, de tão decantada beleza, pelo  inóspito e inamistoso deserto de Utah, de raríssimas águas e nenhuma vegetação, salvo rala pastagem aqui ou acolá .... Vieram para estar mais próximos do templo de sua nova religião, localizado em Salt Lake City. A história conta que, apesar dos motivos religiosos que os moveram do Havaí para Utah, os imigrantes peregrinos foram vitimas de racismo por parte da fraternidade para a qual se converteram, o que os obrigou a deixar Salt Lake City. Skull Valley foi escolhida como a localidade onde iriam se estabelecer. Ao norte de Skull Valley, localiza-se o Grande Lago Salgado, de mortas águas. A leste e a oeste, desertas e distantes montanhas e, ao sul, sem fim, o deserto. Na cidade a qual fundaram e, em homenagem a Joseph Smith, chamaram de Iosepa (Joseph na língua havaiana), enfrentaram inúmeras doenças, inclusive lepra. A seca levou muitos a abandonar o trabalho agrícola patrocinado pela Igreja e, buscar ocupação em minas da região. Durante heróicos 30 anos tentaram vencer as dificuldades gigantescas, inutilmente. Finalmente, as agruras foram suficientes para convencer a todos; conversores e convertidos, quanto a insanidade do projeto. Os sobreviventes, em sua maioria, decidiram por retornar para suas origens, com o apoio da Igreja. Hoje, Iosepa é uma cidade fantasma, tanto em seu abandono, como em seus mortos, lá , para sempre, sepultados. Há, sim; é verdade, uma cerimonia anual em homenagem aos que ali pereceram, patrocinada pelos descendentes destes e, pela igreja. No que outrora foi a entrada da cidade, surrealisticamente e, em contraposição ao agreste deserto, permanece como prova da imortal e tenaz alegria dos polinésios, uma placa muito azul, com a imagem, de uma palmeira colorida a saudar quem por ali se aventura: "Aloah - Iosepa". Aloha... 



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