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sábado, 13 de outubro de 2012

Folhas de Outono...

Em Setembro, caíram as primeiras neves nas montanhas a Leste. Em pouca quantidade; foi insuficiente para convencer quem quer que fosse, de que o Outono havia chegado... Cá embaixo, descuidados; crianças, jovens e, velhos, continuaram a distrair-se nos parques, como que a ignorar a autoridade das estações e do tempo. Somente quando, repentinamente, as folhas empalideceram, assustadas com as primeiras brisas geladas, foi que as pessoas desviaram a atenção para admirar o festival de mil tons que cobriu as encostas da montanhas... Formou-se considerável trânsito de veículos nas altas, estreitas e tortuosas estradas, todos embevecidos com o festival de cores de uma alegre melancolia, que tomou conta das folhagens de árvores e arbustos. Agora, foi enviado o aviso final de que, o frio é uma realidade para os próximos 8 meses: Cobriram-se de neve, em respeitável quantidade, as montanhas Oquirrh, lá para os lados do deserto que, a Oeste, separam Utah de Nevada. São ermos de frio implacável. Sempre ignoraram o fato de que estamos a viver uma onda de aquecimento global... Gosto dessa austera e limpa imagem com a qual a Natureza veste essa parte do Planeta, nessa época do ano. Desaparece o lufa-lufa do verão quando, ensandecidas hordas de aventureiros invadem as estradas em longas romarias para acampamentos em meio as areias do deserto. Montados em engenhocas que dispõem somente de pneus e poderosos motores - não acredito que tenham freios -  sobem e descem imensas dunas de areia, em espantosa velocidade. Em ocasiões, sucede de  alguem morrer. Há um exército de vivos para substitui-lo e, logo será esquecido... Outros, mais equilibrados, buscam refúgio em distantes florestas, permanecendo por dias a fio em meio a pinheirais e aspens,  vivendo em trailers e barracas, cercados por sons distantes de ventos e bichos... Fazem fogueiras em pequenos círculos de pedra e, ali, comem, conversam, e bebem a vida... Tem meu respeito... Por último, há os motociclistas que, solitários ou em bandos, varejam por todos os lugares. Enormes motocicletas, ou algo que a estas se assemelha, rugindo possantes motores, os carregam por estradas de infinitas retas que cruzam agrestes desertos ou que, serpenteiam em meio as serras e montanhas... Agora, tudo isso cessa. O Inverno chegou e, a todos baixou inadiável ordem de silêncio. Serão tempos de agasalho, recolhimento, boa comida, bom vinho e, se disponível, boa conversa... Na ausência desta, aproveitar para refletir sobre a inutilidade de certas ambições, da insensatez de certos atos, algum  comportamento inapropriado, más palavras, e deselegâncias... Humildemente, em recolhimento de alma, meditar sobre a fluidez da existência que, inexoravelmente, se esvai de Estação em Estação. Quem sabe, poder brilhar; florir na próxima Primavera...

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