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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Foi falta!

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Perdida em selvas e pantanais da consciência, em busca do macaco que lhe escapou pela boca, está a torcedora do respeitável Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense. Dela, leio na Folha grave confissão, provavelmente feita como oferenda extrema para aplacar a sanha dos homens e, se possível, apagar a dura mensagem que a Lei lhe manda. O jornal explora como pode a declaração e, confunde-se nas chamadas para a noticia. Em uma delas a torcedora diz ter ficado com UM negro. Na coluna das 10 Mais Lidas, o jornal declara que esta ficou com negros. Depois, na reportagem, lê-se a afirmação da senhorita onde afirma, novamente, ter ficado com UM cara negro... O número de negros, não pertence a conta de ninguém, salvo a declarante. Oportunidade para edificação da ética e da boa convivência entre as pessoas, é o que o triste episodio oferece e, aqui interessa. 

Eu cá, reparo o quanto é difícil, em maior ou menor grau, a compreensão do que é racismo em sua completa extensão. Entende a torcedora que, a gratuita informação de já ter "ficado" com um negro, ou negros como quer o jornal, confere-lhe generosidade, nobreza, ou, mesmo, constitui-se em exemplo de abnegação. Em sua pequena cabeça, "ficar" com um negro é ato de bravura, generosidade da "senhora do engenho" para com a senzala. Pobre moça. Suas confissões se alongam. Informa não ter mais casa e vida social. Toma remédios para dormir e, não tem mais saído. Poderia aproveitar o tempo de que agora dispõem, para melhorar um pouquinho a compreensão das regras que regulam a vida social que tanta falta lhe faz. 
Acredito que no Brasil, há o errado entendimento de que "o negro sabe que não falo por maldade". Pode ser que, não. Minimamente falando, não fará falta alguma as pessoas; não trará nenhum dano psicológico, simplesmente parar com esse tipo de conversa maldosa e pobre. Já para a vitima que tem de ouvir abjetas gracinhas, o dano é grande e, ainda que, generosamente, venha a digerir a ofensa, isso nada lhe acrescenta. Ao contrário; ali começa o processo de recalque, de formação de um vira-lata, o que não interessa a nenhuma pessoa decente, menos ainda, ao país. Com a palavra, o macaco.

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