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quinta-feira, 8 de abril de 2010

Um Rio que transborda...

Querida amiga comenta sobre lição duramente aprendida por Paris, depois de trágica enchente e, enche-me de vaidade ao promover-me a profeta, perguntando "...quando será nossa vez?" Segue minha resposta:
Leninha, desculpe mas, vou passar essa pergunta. Seria muito mais fácil colocar a culpa em Deus e ir em frente mas, vou deixar isso para o Sérgio Cabral, que é pessoa de sólidas convicções religiosas e, mais uma vez, vou tomar os caminhos da amargura. Nunca fui ecologista e nem participo de ONGs e, assemelhados. Entretanto, brinquei muito em rios e lamaçais, e se não aprendi a domar enchentes, passei a amar de paixão a Natureza. Lia e deixava-me envolver pelos livros de Jose Mauro de Vasconscelos a ponto de sentir profunda dor ao ver essa praga da canalização acabar com nossos córregos e, alguns rios das nossas cidades, onde Frei Abóbora deveria estar navegando em Rosinha Minha Canoa. O Anhangabau poderia muito bem ser o Sena brasileiro, garanto que, com vantagens. Esta sepultado vivo. Porque não urbanizar com respeito os nossos rios e, deixar que emprestem as nossas poluídas e feias cidades, um pouco de graça e beleza? O mundo dito civilizado, cuida de seus raros rios com carinho e, os valorizam com muita devoção. O Tâmisa de Londres foi despoluído e, é motivo de orgulho para a Inglaterra. Você menciona o Sena e, assim por diante. Quanto a nos, primeiro usamos os nossos córregos e riachos como esgoto. Depois, ocupamos o ultimo milímetro das margens. Em seguida, vem a festejada e maldita canalização. O Tamanduateí recebeu uma "tampa" a que chamam de elevado. Elevada burrice, digo eu. Vou mudar de assunto e, falar de coisas mais animadoras: Essas enchentes que atormentam as nossas cidades, por exemplo. Fala-se tanto na impermeabilização dos solos mas, nada se faz, alem de escolher nomes que ajudem o afogado cidadão, a engolir toda essa água pôdre. Temos ai "impermeabilização", "retificação de leito" e, outros entulhos mais a perpetuar o entupimento das mentes e dos canais de esgotos, o que em certos casos, da na mesma. Mas, vamos de impermeabilização; Muitos anos atrás, Gurgel, aquele sujeito que fazia carros de fibra de vidro e, que levavam o seu nome, explicou pedagógicamente o lamaçal em que insistimos em afundar: Quarteirões cheios de prédios, onde deveriam haver casas com varandas e quintais, Meu Pé de Laranja Lima, gato e cachorro. A quantidade de esgoto gerada, e multiplicada ao extremo dado o numero de prédios e, o numero de apartamentos por prédio. Adivinhe onde esse esgoto, com louváveis exceções vai parar, depois de "tratado"? Adivinhou! Sempre gostei de sua sagacidade. Some-se a essa estupidez, os pisos completamente "impermeabilizados". Ou seja, quando chove, adivinhe onde vai parar toda a agua que deveria ser absorvida pelos bons e velhos quintais? Adivinhou de novo... vai ganhar beijinho! A tudo isso, você pode adicionar morros que são deposito de lixo, o que facilita os deslizamentos. Temos os tais meio-lotes onde as casas, ainda que modestas "impermeabilizam" todo o quintal..., Como resultado dessa adição maligna, temos a tais tragédias das enchentes. Se considerarmos o tamanho da irresponsabilidade, com todo respeito a dor de quem perdeu entes queridos nas águas barrentas, ate que saiu baratinho... E assim, vamos. Daqui a uma semana, ou menos, todas as soluções dos técnicos vão ser levadas pelas enxurradas. De tudo, ficarão "verbas consignadas" no orçamento para dragagem dos rios e, entupimento das contas bancarias das grandes empreiteiras... A lama, ficara nas margens a espera de novas enchentes.  A lama das empreiteiras e seus padrinhos, essa, ninguém draga!

Make it a great day!

Bosco

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