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sábado, 5 de novembro de 2011

Sapatinhos de cristal...

Fazia tempo que não me sentava para assistir um bom filme. Ontem, em família, assisti Cinderella, a qual, por ser bem criado, passarei a referir pelo seu verdadeiro nome; Ella. Acho uma maldade que vence, deixar que prevaleça o apelido que lhe deram, as maldosas irmãs... Ella prega incansavelmente a importância que tem a atitude de manter-se fiel a seus sonhos e objetivos. É o mantra de sua escrava vida, no que tem toda razão. Ainda que tardiamente, chamou-me a atenção o fato de os sapatinhos de cristal, dados a Ella pela magia da atrapalhada fada madrinha, não terem desaparecido juntamente com o vestido, a carruagem e, todos os outros aparatos de sonho com hora marcada para terminar; meia-noite. Sou uma pessoa simples, de pensamentos simples; gosto sempre de lembrar isto, tanto as pessoas que me dedicam estima, quanto aos meus detratores. Daí, ter ido eu dormir com essa dúvida aguda, a incomodar meu sono... Porque, digam-me lá sábios da Macedônia, da Pérsia ou do Gandois; porque os sapatinhos de cristal dados a Ella, sobreviveram a fatídica passagem da meia-noite? Teria sido uma simples falha dos roteiristas da Disney? Seria o príncipe um podólatra? Não, não pode ser. Nossos contos tão infantis, precisam resistir a essa devastadora onda devassa que, qual a tsunami asiático, tem varrido para fossas abissais nossos antigos e delicados sonhos de cristal...sonhos de noites de Verão, Outono, Primavera, Inverno e outras estações. Ultimamente, os sonhos só tem tido vez nas estações de TV...
Mas, voltemos a Ella e seus pezinhos em cristais... Tenho tendência a acomodar, a procurar solução e, se essa não estiver ao alcance, ao menos equacionar os problemas que a vida, a todos nós, traz. Negociei comigo mesmo, a idéia de que Ella tinha um sonho em sua moça cabecinha; ir ao baile do príncipe. Entretanto, nenhum sonho vai a nenhum lugar, se não tiver pezinhos que o carreguem. Os sapatinhos de cristal seriam a simbólica mensagem de que, todo sonho é concretizado na dura realidade do chão desta velha Terra. Por isso, só eles sobrevivem ao final do sonho; ao sinistro badalar da meia-noite de nossas vidas. Entretanto, é essencial lembrar que tudo começa com um sonho. Sonhe, sempre. A cabeça nas nuvens, mantendo os pés no chão, pois é nele que, mesmo mágicos sapatinhos de cristal irão se firmar, dando vida concreta ao sonho que alguém, solitário, quis dividir com todos...

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