Trabalho em uma companhia cujo lema é Integridade, Companheirismo,
Dedicação e Execução. É uma tradução chinfrim e descuidada. Não afetará a
mensagem que pretendo transmitir. Três línguas permeiam meu dia a dia;
Inglês, Espanhol e Português. Trabalho em Inglês, atendo quem não
conhece as outras duas línguas em Espanhol e, converso fiado em
Português. Muitas vezes, não me lembro em que língua li isto, ou
aquilo... Passei ontem por um destes cartazes da empresa onde se lê: Our Values. Não sei porque, traduzi instantâneamente para Nuestros
Valores. Desabou em mim uma percepção de hipocrisia. Os mesmo valores,
escritos em Inglês, e que norteiam para seriedade o comportamento da
companhia, soaram malandramente sacana em Espanhol. Piorou mais, quando pensei em Português...
No mesmo dia, li noticias originadas no Brasil, registrando queixas pela pouca atenção que Obama
deu a Dilma, o que não é bem verdade, diga-se de passagem. O encontro
durou 90 minutos; o dobro do previsto no protocolo. Concedo aos magoados
brasileiros que EUA e Brasil devem ter assunto para mais de 90 minutos
de conversa mas, vamos a realidade, fator ao qual, nós brasileiros
prestamos desatenção maior do que a dedicada por Obama
a Dilma. Objetividade, praticidade e pragmatismo, permeiam a vida do
americano, em maior ou menor grau. Presidente americano é 100% isso ai,
ou então não teria chegado a esse cargo. Vale chamar a atenção de meus
conterrâneos para o fato de que o processo de eleição do presidente, é
um massacre para os padrões brasileiros. O candidato começa a disputar o
direito de disputar o cargo, dentro do próprio partido, em cada um dos
50 estados, em reuniões que, muitas vezes, lembram discussões de
condomínio residencial. A parada é duríssima, com a vida de cada
postulante ao cargo de candidato escrutinizada
ao máximo. Deslizes de comportamento sexual, matrimonial, financeiro;
tudo vem a tona e, se comprovados, não são relevados. Se tiver Valores,
chega lá. Assim foi com Reagan; ator, Carter; plantador de amendoins; Obama;
negro (somente 10% da população americana é negra), filho de queniano,
nome muçulmano (logo após o ataque as torres), ex-assistente social em
Chicago... O que quero dizer é: Quando o sujeito é eleito, há uma
enorme respeitabilidade atrás do tratamento: Mister President! Obama sabe bem das falcatruas brasileiras; do passado de guerrilheira
de Dilma, até o presente onde esta não perde oportunidade para
manifestar admiração pelos assassinos Castro. Sabe bem da nojeira que é a
política brasileira; sabe de nossa covardia que impede justiça aos
assassinos que atuaram na Revolução, sejam estes civis ou militares.
Nunca passamos nosso passado ao presente. Sabe do mensalão. Obama
sabe da corrupção que impede ao Brasil a virada final e adesão real ao
clube dos desenvolvidos. Pragmaticamente, bem ao modo americano, a Obama
só interessa negócios com o Brasil que tragam empregos e dinheiro aos
EUA. Nada de fumar charutos juntos... Nada de frases feitas... Dim dim,
senhores. Li pessoas falando dos valores dos negócios com o Brasil.
Pragmaticamente, os americanos não recusam um dólar sequer. Entretanto,
quero lembrar a esses brasileiros que, a soma do faturamento de meia
dúzia, se tanto, das dez maiores empresas americanas, é maior do que o PNB
brasileiro; ou seja, não merece mais do que 90 minutos de conversa...
Por último - e este é um conceito difícil para brasileiro entender, já
que contraditório -
dinheiro não é tudo para americano. Ele tem a perfeita noção de que, não
há investimento que sobreviva se, primeiro, muito antes,
Valores não forem respeitados... Ai esta a diferença entre Our Values e, Nuestros Valores ou, Nossos Valores...
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