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quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Chovendo na Roseira...

Ontem a noite, em uma radio local, ouvi alguem cantar Chovendo na Roseira. A principio, pensei que se tratasse de uma cantora portuguesa, pois que, não conseguia entender muito bem as palavras que a bonita voz esforçava-se por pronunciar. Não, não era e, vou ficar sem saber o nome, pois acabei não prestando atenção quando o locutor deve ter feito os créditos aos intérpretes da seleção musical, daquele segmento do programa. Acabei desviando-me para outros pensamentos. Primeiro, lembrei-me da voz suavemente rouca de Jobim. Acho que a canção é dele. Depois, pareceu-me lembrar de Elis Regina que, cantava o que queria e, fazia as canções mais comezinhas tornarem-se clássicos da MPB. Mas não era em Elis  que eu pensava, quando, distraído, fiquei sem saber o nome da cantora americana. Sim, era americana, porque, mais adiante, cantou um pouco em inglês e, o tico-tico que morava ao lado e que, passeando no molhado, descobriu a primavera, foi geograficamente substuido por um Robin... Não ficou ruim mas, naquela hora da noite, entre os raros apreciadores de jazz, poucos saberiam da diferença entre o cenário que inspirou Jobim e, as brancas montanhas nevadas de Utah e, menos ainda entre um tico-tico e um Robin... Concluí, mais uma vez que, essas diferenças é que fazem a Terra tao bonita e, o viver, uma experiência inigualável... O pensamento que, realmente, tirou minha atenção de Chovendo na Roseira e da brava interprete americana que desafiava as agruras de nossa bela e difícil língua, foi imaginar o sentido que fazem os versos de Jobim, nos dias atuais, quando os olhares estão todos voltados para telas de TV, de computadores, de celulares... Alguem levanta o olhar para apreciar gotas de chuva em pétalas de roseira, ainda que esta "...só dá rosa mas não cheira."?  E, o jasmineiro florido? Quantos ainda sabem o que é um jasmineiro? Entendo que há composições mais belas e de melhor inspiração na Musica Popular Brasileira... Desde o dia em que mestre Ari Barroso confirmou que "coqueiro da coco", a enxurrada de bobagens colocadas em versos de canções, não teve mais fim nem limites. Chovendo na Roseira, não é la uma jóia rara do cancioneiro brasileiro mas, uma frase despretensiosa do maestro Antônio Carlos merece cuidada reflexão: "Um amor tao puro carregou meu pensamento...". Sorte sua maestro, sorte sua... É possível que não amemos de maneira melhor e, tampouco pior do que em outros tempos; concederei. Direi, sim, que havia mais elegância e compostura por parte dos amantes, então envoltos pelas noites perfumadas; docemente perfumadas por jasmins... 

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