Páginas

terça-feira, 23 de março de 2010

O passado; essa divindade de todos nós...

Marquez explica ser uma tendência humana, natural, esquecer os acontecimentos ruins, como forma de poder conviver com o passado. Deve ser verdade. Para ajudar na questão, tenho certeza de que, em futuro não distante, irão inventar uma geringonça eletrônica  que nos permitirá sentarmos no sofá e, assistirmos o replay de nossos dias já vividos. É claro que o aparelho deverá ter controles que permitam selecionar o programa, de acordo com a audiência. Não é difícil imaginar o embaraço que certas cenas irão causar... Indiscrições  a parte, tal aparelho seria extremamente útil, entre outras aplicações, no combate a repetição de erros pregressos. Também, não permitiria o esquecimento natural dos acontecimentos nefastos a que se refere Marquez e que, em minha suburbana opinião, colabora para esta veneração cega, quase fanática, ao Passado, este deus morto de nossas vidas. Esquecemos que o "saudoso passado" é, - nada mais - o presente que ora vivemos, vencido pelo relógio. Das poucas certezas que temos na vida, uma é a de que viremos a ser parte do passado. Quanto ao futuro, não há garantias. Numa contradição absurda, batalhamos diuturnamente para dele sermos participantes, apesar de toda nossa adoração ao passado. É nesta dicotomia que, boa parte de nossas vidas se esvai e, nossa atenção distrai do estimável e essencial para  a existência. Proponho que voltemos nossos olhos ao futuro, lugar onde tudo é possível. Que o passado fique lá; esse museu  - ou cemitério - de nossas batalhas, coletivas e pessoais, nossas experiências, tristes e felizes; boas e ruins. É bom lembrar que, não vamos a museus, muito menos a cemitérios, todos os dias de nossas vidas. Assim, também não é de bom juízo visitarmos nosso passado, em demasia.
Antes que me esqueça; o tal aparelho de play back seria de utilidade ímpar na seleção de candidatos a cargos públicos. Substituiria com larga vantagem o Atestado de Idoneidade. Tenho certeza de que, o cidadão de passado escuso, não se submeteria ao escrutínio da infernal invenção, sabendo que, na "audiência", a assistir seus enganos e acertos, antigos e atuais, estariam um juiz do TSE e, um delegado federal. Do lado de fora, um camburão pronto para transportar eventuais "reprovados". Tais testes de idoneidade, poderiam, inclusive, ser televisionados. Seria uma versão do BBB, de indiscutível validade para a edificação moral da sociedade e, purificação dos quadros políticos do Estado. Recupere-se a moralidade ou, instaure-se a Anarquia como forma de governo, por pura e simples ausência de candidaturas que preencham os quesitos mínimos de decência e honestidade. Esta aí a proposta... Agora, precisamos do Personal Memory Player!

Nenhum comentário: